Agência France-Presse
postado em 26/02/2013 17:51
Washington - O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, defendeu nesta terça-feira (26/2) que a economia ainda necessita de estímulo do banco central e advertiu que os cortes automáticos dos gastos previstos para 1; de março poderão reduzir o crescimento.Bernanke afirmou, ao comparecer diante do comitê de Finanças do Senado, que a alta taxa de desemprego continua sendo o principal desafio para a economia. O presidente do Fed ainda destacou a necessidade de manter o programa de compra de bônus por 85 bilhões de dólares ao mês, destinado a manter em um nível baixo as taxas de juros a longo prazo e impulsionar o investimento.
Para Bernanke, os riscos associados a este plano, como um surto inflacionário ou o estímulo de comportamentos altamente especulativos nos mercados, estão sendo vigiados com atenção e não são importantes como para suspender a política expansiva.
O presidente do Fed destacou ainda, nesta terça-feira, que os cortes automáticos de gastos previstos para o dia 1; de março implicarão um peso adicional importante para a recuperação da economia americana. "O Congresso e o Governo deveriam considerar a substituição dos duros cortes do gasto com políticas que reduzam o déficit fiscal de forma mais gradual", afirmou Bernanke falando ao Comitê Bancário do Senado.
Bernanke citou dados do Comitê de Orçamento do Congresso que projetam que estes cortes, que serão implementados nos próximos sete meses, por falta de um acordo, reduzirão o potencial de crescimento econômico em 0,6 ponto. "Dado que o ritmo de crescimento econômico subjacente é ainda moderado, este obstáculo adicional em curto prazo é significativo para a recuperação", acrescentou.
"Na situação econômica atual, as vantagens da compra de ativos e, em termos mais gerais, da política monetária expansiva são evidentes", defendeu o presidente do Fed. "Além de ter efeitos adversos para o emprego e as receitas, uma desaceleração da recuperação implicaria a menor redução do déficit no curto prazo", explicou Bernanke ante o Congresso.
O presidente do Fed disse que com a taxa de desemprego de 7,9%, "o mercado de trabalho continuava fraco, com uma taxa de desemprego acima dos níveis normais". "O alto desemprego tem custos importantes, incluindo não só o sofrimento dos desempregados e de suas famílias, mas também a perda que implica a vitalidade e o potencial de produção da economia em seu conjunto".
Para o presidente do banco central americano, estes custos incluem uma redução das receitas do governo e uma alta dos gastos, o que prejudicará o nível do déficit e da dívida.
Neste sentido, Bernanke tentou acabar com as especulações de que o Fed poderia anunciar este ano o final do programa de compra de bônus conhecido como QE3, inclusive antes de que se cumpram os objetivos de emprego. No entanto, a ata da última reunião de política monetária do Fed revelou que alguns membros de seu comitê estão preocupados sobre o rumo destes programas de estímulo e os riscos associados.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, realizou nesta terça-feira, seu último esforço para tentar evitar que entrem em vigor no final da semana os cortes no orçamento, que acarretarão na destruição do emprego e na redução de serviços sociais, alertou. "Estes cortes são ruins, não são inteligentes e não são justos", disse Obama no espaçoso átrio de um dos maiores estaleiros militares da Armada americana, situado em Newport News, na Virgínia. "É uma ferida auto-infligida que pode ser evitada", advertiu.
Obama garantiu que os republicanos no Congresso não querem compartilhar os sacrifícios para cortar o déficit, ao recusar aumentar os impostos às rendas mais altas. "Há muitos republicanos no Congresso que agora mesmo rejeitam atualmente dar um pequeno passo quando se trata de fechar buracos tributários e isenções fiscais", afirmou Obama diante de centenas de trabalhadores navais.
Este foi o último esforço do presidente americano para pressionar os republicanos com o fim de evitar que na sexta-feira entre em vigor medidas de austeridade, que, na sua opinião, serão cortados milhares de empregos e prejudicará o crescimento da economia nacional. Obama viajou acompanhado pelo congressista republicano por Virginia Scott Rigell, que está dividido pela pressão de apoiar seu partido e as consequências que poderão sofrer seus eleitores caso sejam postos em prática os cortes orçamentários.