Agência France-Presse
postado em 27/02/2013 10:32
Almaty - As grandes potências do grupo 5%2b1 e o Irã encerraram nesta quarta-feira (27/2) dois dias de negociações no Cazaquistão sobre o programa nuclear iraniano, concluídas com alguns sinais "positivos". Os países voltarão a se reunir em março e em abril. A reunião de quarta-feira entre o grupo 5%2b1 - os cinco países do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) mais a Alemanha - e o Irã durou mais de uma hora.Na terça-feira (26/2), a primeira reunião entre os negociadores durou quase de três horas e foi qualificada de "útil" por fontes ocidentais e russas. "Nós decidimos manter uma reunião de especialistas em Istambul em 18 de março, que será seguida por uma reunião entre os países do grupo 5%2b1 e o Irã em 5 e 6 de abril em Almaty", no Cazaquistão, declarou o negociador iraniano Said Jalili em coletiva de imprensa após o dia de debates.
Jalili chamou de "mais realistas" e "mais positivas" algumas das últimas propostas do grupo 5%2b1. O chefe dos negociadores da Rússia, o vice-ministro das Relações Exteriores Serguei Riabkov, garantiu que a reunião de quarta-feira foi "útil". O grupo 5%2b1 fez uma nova proposta ao Irã que contempla "uma redução de certas sanções sobre o comércio de ouro a indústria petroquímica e bancos" em troca de concessões de Teerã. A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, expressou o desejo de que o Irã responda "positivamente" às "propostas; realizadas pelas grandes potências.
[SAIBAMAIS]O negociador iraniano reconheceu que as grandes potências "tentaram aproximar seus posicionamentos aos do Irã em alguns aspectos, o que consideramos muito positivo".Sem embargo, ele reafirmou que seu país não fechará a usina de enriquecimento de urânio de Fordo, escondida numa montanha e de difícil acesso. Também repetiu que o Irã "tem direito" a "enriquecer urânio a 5% ou a 20%". "Fazemos enriquecimento segundo nossas necessidades", assegurou.
A oferta do grupo 5%2b1, ainda que contemple um alívio nas sanções, renova a demanda feita ao Irã de que "interrompa o enriquecimento a 20%, feche a usina de Fordo e envie o estoque de urânio enriquecido" para fora do país. O grupo 5%2b1 teme que a médio prazo, graças a suas reservas de urânio e à tecnologia acumulada, o Irã fabrique urânio enriquecido a 90%, o que permitiria a fabricação de uma bomba atômica.
O Irã garante que enriquece urânio apenas para uso civil: até 5% para produção de energia elétrica e até 20% para alimentar o laboratório de investigação médica. Irã, país signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), afirma que este acordo o permite enriquecer urânio. O Conselho de Segurança da ONU condenou o programa nuclear iraniano seis vezes. Quatro destas incluíram sanções.
Mas o Irã se mantém firme na exigência de que os ocidentais suspendam as sanções e reconheçam seus direitos nucleares, incluindo-se o de enriquecer urânio sem restrições. Estados Unidos e Israel não descartam eventuais ataques militares visando frear o programa nuclear iraniano caso não seja possível encontrar uma solução diplomática.