Renata Tranches
postado em 05/03/2013 06:30
Brasília e Cidade do Vaticano ; Os profundos dilemas no seio da Igreja Católica, expostos para o mundo com a renúncia de Bento XVI, deram o tom da primeira reunião preparatória do conclave que escolherá o novo líder da Santa Sé. Dos 115 cardeais com direito a voto, 103 estavam ontem em Roma para as Congregações Gerais. Mas, ao fim do primeiro dia de encontro, a data para o conclave não havia sido fixada. Os religiosos exerceram forte pressão para que seja aberto a eles o relatório entregue no fim do ano passado a Bento XVI, tratando do teor de documentos sigilosos sobre escândalos e intrigas na alta cúpula do Vaticano ; o caso batizado de Vatileaks. Esse relatório, elaborado por três cardeais, teria um dos motivos da renúncia do agora papa emérito, segundo versões da imprensa.
A despeito do silêncio que se fecha em torno dos cardeais, continuam ganhando força as especulações sobre os papáveis, em um contexto no qual se impõe cada vez mais o exame das origens e capacidades de cada um para lidar com os desafios que a Igreja terá de enfrentar. No fim de semana, o nome de dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, passou a figurar entre as principais apostas da imprensa estrangeira. Ele aparece em todas as listas, algumas das quais incluem outros nomes de brasileiros, representantes do maior país católico do mundo. Os cardeais italianos, favoritos nos primeiros dias após a renúncia, começam a perder força. Embora formem a nacionalidade mais numerosa no Colégio Cardinalício (28, entre os 115 eleitores), eles parecem muito associados às denúncias de corrupção e carreirismo na Cúria Romana.