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Morte de Chávez abre caminho para a sucessão num país dividido e em crise

Presidente venezuelano sucumbe ao câncer, descoberto em junho de 2011. Após assumir o poder, vice Nicolás Maduro convocará eleições"nos próximos 30 dias". Enterro está marcado para a sexta-feira

Rodrigo Craveiro
postado em 06/03/2013 07:21
Simpatizantes de Hugo Chávez se desesperam ao receberem a notícia da morte: luto de sete dias

;Patriotas que nos escutam, que nos veem, em todo o território da pátria e nossos irmãos do mundo. (;) Hoje, acompanhávamos sua filha, seu irmão e seus familiares quando recebemos a informação mais dura e mais trágica que podemos transmitir ao nosso povo. Às 16h25 de hoje (17h55 em Brasília), 5 de março, faleceu o comandante presidente Hugo Chávez Frías.; Visivelmente emocionado, o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, informou que Chávez acabara de sucumbir a uma batalha de quase dois anos contra o câncer. O anúncio foi o último capítulo de um dia tumultuado. Após se reunir com o Conselho de Ministros e com o Diretório Político-Militar da Revolução Bolivariana, Maduro atacou duramente ;os inimigos da pátria;, acusou-os de conspirar contra Chávez e ordenou a expulsão dos adidos norte-americanos da Aeronáutica David Delmonaco e Devlin Kostal. ;Rejeitamos totalmente a alegação do governo de Caracas que envolve os EUA em algum tipo de conspiração para desestabilizar o governo da Venezuela;, afirmou o Pentágono, por meio de um comunicado. Cerca de duas horas depois, o vice retornou à tevê e fez o comunicado fúnebre. Pela manhã, María Gabriela, uma de suas filhas, pedira à nação, por meio do microblog Twitter, que orasse pelo pai.

Antes do anúncio da morte de Chávez, a filha mais nova do presidente, María Gabriela (D), agradeceu o apoio de admiradores e pediu orações em intenção do pai.

[SAIBAMAIS]O corpo de Chávez, de 58 anos, será trasladado nesta quarta-feira (6/3) do Hospital Militar Dr. Carlos Arvelo para a Academia Militar da Venezuela. O velório na capela ardente durará até sexta-feira, data do sepultamento, marcado para as 10h (11h30 em Brasília), na presença de chefes de Estado e de governo. Desde ontem, o país vive luto oficial de sete dias. Amado e odiado, polêmico e sem papas na língua, o mandatário que forjou sua ideologia na figura do conquistador Simón Bolívar e adotou o socialismo do século 21 como a alma de seu governo morreu no mesmo dia que Josef Stalin, 60 anos depois. A presidente Dilma Rousseff considerou a perda ;irreparável; e lembrou que Chávez era uma liderança comprometida com os povos da América Latina.



Com a ausência do venezuelano, surgem dúvidas sobre o futuro do chavismo e de sua revolução. O chanceler, Elías Jaua, confirmou que Maduro assume o poder interinamente. ;Estas foram as ordens do comandante presidente Hugo Chávez;, disse. ;No momento em que se declara a ausência absoluta, ele terá que convocar eleições dentro de um mês, provavelmente para 7 de abril;, explicou ao Correio Tony De Viveiros, cientista político da Universidad Simón Bolívar (em Caracas). Principal líder da oposição, Henrique Capriles Radonski, governador do estado de Miranda, expressou solidariedade para com a família do presidente e exortou a população a se unir. ;Nesses momentos difíceis, devemos demonstrar nosso profundo amor e respeito à nossa Venezuela! Unidade da família venezuelana!”, escreveu, por meio do microblog Twitter.

De acordo com Maduro, Chávez morreu após lutar ;duramente; contra o câncer, ;com o amor do povo, com as bênçãos do povo e com a lealdade mais absoluta de seus companheiros e companheiras de luta e com o amor de todos os seus familiares;. O vice-presidente ordenou a mobilização especial de toda a Força Armada Nacional Bolivariana e da polícia, a fim de garantir a paz na Venezuela. ;Nessa dor imensa, dessa tragédia histórica que toca a nossa Pátria, chamamos a todos os compatriotas a sermos os vigilantes da paz, do respeito e do amor;, declarou Maduro. ;As bandeiras de Chávez serão levantadas com honra e com dignidade. Comandante, onde o senhor estiver, obrigado, mil vezes obrigado;, acrescentou, entre lágrimas. O pranto também tomou conta de simpatizantes, que se reuniram, na noite de ontem, diante do Hospital Militar Dr. Carlos Arvelo e nas praças Bolívar, espalhadas pelo país. Nesses locais, o choro se misturava a discursos acalorados em defesa da revolução.

Presidente venezuelano sucumbe ao câncer, descoberto em junho de 2011. Após assumir o poder, vice Nicolás Maduro convocará eleições

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