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Após morte de Chávez, a revolução do petróleo venezuelano não deve mudar

"A transição lança incerteza sobre a produção de petróleo do país, mas não esperamos grandes mudanças na política petrolífera de Caracas", consideraram os especialistas da empresa de energia JBC

Agência France-Presse
postado em 06/03/2013 14:21
Londres - Após a morte de Hugo Chávez, o petróleo venezuelano, nacionalizado e utilizado como arma política, não sofrerá nenhuma mudança radical imediata, mas uma abertura será necessária a longo prazo para impulsionar a exploração das principais reservas do mundo.

"Este é o fim de uma era, Chávez deixa um vácuo político que será extremamente difícil de preencher", mas, ao mesmo tempo, se seu vice-presidente e herdeiro político Nicolas Maduro for eleito para sucedê-lo, "manterá a mesma abordagem nacionalista para o setor do petróleo", declarou Diego Moya-Ocampos, analista da IHS Global Insight.

"A transição lança incerteza sobre a produção de petróleo do país, mas não esperamos grandes mudanças na política petrolífera de Caracas", consideraram os especialistas da empresa de energia JBC.

Segundo eles, "há poucas chances de vermos o país se abrir (de imediato) para os investimentos estrangeiros, enquanto as disputas prosseguem com empresas internacionais", como a americana ConocoPhillips.



O percurso de Hugo Chávez está intimamente ligado à exploração do petróleo, que acompanhou sua ascensão política e que foi sua principal arma, nacionalizando os ativos de empresas estrangeiras e impondo o controle da companhia pública PDVSA sobre todos os projetos de petróleo e gás.

Eleito em dezembro de 1998, em um país afundado pela crise por causa dos preços do petróleo em queda, Chávez aproveitou a forte recuperação dos preços do barril (multiplicado por 10 em uma década), investindo bilhões de petrodólares em suas "missões sociais" destinadas a ajudar as classes populares e presenteando seus aliados diplomáticos.

[SAIBAMAIS]A Venezuela forneceu a Cuba cerca de 100.000 barris de petróleo por dia em condições preferenciais e em troca de médicos. A Nicarágua recebe 10 milhões de barris de petróleo por ano e assistência social, e o Uruguai entre 6 e 8 milhões de barris por ano.

Mas é a China, muito interessada em garantir seu abastecimento de energia, que poderia sofrer com o estrecimento das relações privilegiadas que teceu com o regime de Hugo Chávez.

Depois de concordar em conceder empréstimos em massa a Caracas, através do Banco Chinês de Desenvolvimento(CDB), em troca de um reembolso de hidrocarbonetos, "Pequim vai se preocupar com o futuro deste investimento estratégico", indicou Jean-François Dufour, especialista da empresa de consultoria DCA China-Análise.

"Enquanto o governo chinês emprestou quase 50 bilhões de dólares à Venezuela (em cinco anos), a incerteza política pode desencorajar a China a conceder novos créditos de petróleo (...), o que seria um problema já que estes empréstimos chineses tornaram-se cruciais" para as finanças venezuelanas, acrescenta Rees.

As receitas do petróleo representam 90% dos recursos em moeda estrangeira do país, "a capacidade de uma eventual administração Maduro a manter a política social de Chávez dependerá do aumento da produção de petróleo", que poderia incentivar mais flexibilidade nas suas relações com empresas internacionais, considerou por sua vez Diego Moya-Ocampos.

Mas nem mesmo uma maior abertura ao capital estrangeiro perturbar a situação durante a noite: "Demorou dez anos para Chávez de arruinar a indústria de petróleo do país, pode levar dez anos para virar a esquina" David Rees encontrado. Produção de petróleo bruto caiu em 25%, sob a presidência de Chávez, falta de investimento suficiente.

Mas nem mesmo uma maior abertura ao capital estrangeiro perturbará a situação do dia para a noite: "foram necessários dez anos para Chávez arruinar a indústria do petróleo do país, poderá ser necessário mais dez anos para virar a mesa novamente", considerou David Rees. A produção de petróleo bruto caiu 25% sob a presidência de Chávez, falta de investimento suficiente.

Em todos os casos, a Venezuela deverá manter-se com um importante jogador no mercado de petróleo. Segundo as estimativas dos economistas do grupo petrolífero BP, o país possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo (296 bilhões de barris), seguido pela Arábia Saudita (265 bilhões).

Melhor, apesar dos embates políticos, a Venezuela exporta 36% de sua produção de petróleo para os Estados Unidos - em 2012 foi um dos principais fornecedores de petróleo, atrás do Canadá, Arábia Saudita e México, cobrindo aproximadamente 10% das importações americanas.

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