Agência France-Presse
postado em 06/03/2013 15:45
Paris - A comunidade internacional reagiu ao longo desta quarta-feira ao falecimento do presidente venezuelano Hugo Chávez, homenageado, entre outros, pelo Brasil e por seus demais vizinhos latino-americanos, além de Irã e Rússia, dois dos principais aliados do líder bolivariano."Reconhecemos um grande líder, uma perda irreparável, especialmente de um amigo do Brasil", disse na noite de terça-feira a presidente Dilma Rousseff, ao pedir um minuto de silêncio durante um ato com líderes rurais em Brasília. "O presidente Chávez deixará no coração da história e nas lutas da América Latina um vazio", destacou Dilma, que tinha "um grande carinho" pelo comandante.
Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ter recebido "com muita tristeza" a notícia da morte de Chávez, um líder que trabalhou "por um mundo mais justo". "Foi com muita tristeza que recebi a notícia do falecimento do presidente Hugo Chávez. Sinto orgulho por ter convivido e trabalhado com ele pela integração da América Latina e por um mundo mais justo", declarou Lula. "Eu me solidarizo com o povo venezuelano, com os familiares e os correligionários de Chávez, neste dia tão triste, mas tenho a confiança de que seu exemplo de amor à pátria e sua dedicação à causa dos menos favorecidos continuarão iluminando o futuro da Venezuela", afirmou o ex-presidente em nota.
O líder do Movimento dos Sem-Terra (MST) brasileiro, João Pedro Stédile, igualmente lamentou a morte de Chávez, que, segundo ele, representa uma perda irreparável para os povos da América Latina. "Chávez supôs uma década de derrotas ao neoliberalismo, aos setores da burguesia, aos servidores dos interesses do capital estrangeiro", afirma uma nota do MST.
A Argentina se pronunciou na terça-feira através de seu vice-presidente, Amado Boudou, que expressou no Twitter a "grande dor de toda a toda América" pela morte de Chávez. "Há grande dor em toda a América. Partiu um dos melhores. Até sempre, Comandante: Junto a Néstor (Kirchner, presidente argentino falecido) nos guiarão à vitória dos povos", escreveu o vice de Cristina Kirchner.
A presidente Cristina Kirchner, assim como os líderes da Bolívia, Evo Morales, e do Uruguai, José Mujica, chegaram na manhã desta quarta-feira à Venezuela para participar das cerimônias de velório e de homenagem a Chávez, que têm início ainda nesta quarta-feira.
Já o presidente do Chile, Sebastián Piñera, também viajará à Venezuela para participar do funeral do líder bolivariano, segundo informações da presidência chilena, que não informou a data exata de sua viagem.
A morte do dirigente venezuelano também foi lamentada pelo presidente do México, Enrique Peña Nieto, que enviou suas condolências à família e ao povo venezuelano. "Lamento o falecimento do Presidente Hugo Chávez. Minhas mais sentidas condolências a sua família e ao povo venezolano", declarou Peña Nieto em um post no Twitter.
Líderes de demais países latino-americanos, como Equador, Uruguai, Bolívia e Colômbia também lamentaram o falecimento de Chávez, parceiro de longa data.
Em um telegrama, o presidente russo, Vladimir Putin, enviou suas condolências. "Era um homem fora do comum e forte, que olhava para o futuro e que sempre foi extremamente exigente consigo mesmo", declarou.
Putin pediu a Caracas que siga "reforçando e desenvolvendo as relações entre Rússia e Venezuela", que assinaram vários acordos energéticos e de armamento desde 2005. De Teerã, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, disse que Chávez foi "um mártir por ter servido seu povo e protegido os valores humanos e revolucionários".
O chefe de Estado sírio, Bashar al Assad, por sua vez, saudou a memória do presidente venezuelano Hugo Chávez e afirmou que sua morte é "uma grande perda" para ele e para o povo sírio.
A União Europeia também recebeu com pesar a morte de Chávez e disse esperar aprofundar as relações com a Venezuela. "Esperando aprofundar nossas relações no futuro, transmitimos ao povo e ao governo venezuelanos nossos sinceros pêsames", afirmou a carta do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
Antes da declaração comum europeia, o Reino Unido havia afirmado que o presidente venezuelano deixou uma marca profunda em seu povo e mais além, reconheceu o ministro das Relações Exteriores, William Hague.
Já o presidente francês, François Hollande, reconheceu que Chávez expressava, "para além de seu temperamento e de suas orientações que nem todos compartilhavam, uma vontade inegável de lutar em prol da justiça e do desenvolvimento".
A Alemanha, no entanto, disse esperar a abertura de uma nova etapa no país sul-americano, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo. "Espero que a Venezuela volte a avançar depois destes dias de luto", destacou o chanceler alemão, Guido Westerwelle. "A Venezuela tem um forte potencial e a democracia e a liberdade são bons meios para concretizar este potencial", acrescentou.
Também o rei da Espanha, Juan Carlos I, com quem Chávez teve um midíaco confronto diplomático, enviou uma mensagem de pêsames por sua morte. No telegrama, o Rei da Espanha "destaca a dedicação que o presidente Chávez sempre teve ao seu país e lembra as boas relações bilaterais e de amizade que sempre existiram entre ambos os povos", acrescentou o porta-voz.
Por sua vez, a China, com quem Chávez estreitou as relações comerciais, afirmou que o falecido presidente era "um grande líder da Venezuela e um grande amigo do povo chinês". O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou Chávez por enfrentar "os desafios e aspirações dos venezuelanos mais vulneráveis".
Já o presidente americano, Barack Obama, afirmou de forma sucinta que seu país apoia os venezuelanos diante do novo capítulo que se abre para eles após a morte de Chávez e reiterou que seu governo tem interesse em "desenvolver uma relação construtiva" com Caracas após anos de tirania.
Congressistas democratas e republicanos americanos também se pronunciaram, demonstrando que acreditam que a morte de Chávez é uma oportunidade de mudança para o país e para as relações bilaterais. Os congressistas hispânicos, em particular os cubano-americanos, manifestaram, em sua maioria, satisfação pela notícia.
O republicano Marco Rubio, senador pelo estado da Flórida, declarou: "o povo venezuelano tem agora uma oportunidade de virar a página de um dos períodos mais negros de sua história".
"Hugo Chávez governou a Venezuela com mão de ferro e sua morte deixou um vazio político que esperamos que seja preenchido de forma pacífica e através de um processo constitucional e democrático", declarou o presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado, o democrata Robert Menéndez. "Hugo Chávez era um líder que entendia as necessidades dos pobres", declarou o congressista democrata José Serrano, do estado de Nova York, onde a empresa petroleira venezuelana Citgo distribui combustível para os mais pobres durante o inverno.
As autoridades cubanas, por sua vez, convocaram a população para prestar "homenagem póstuma" ao presidente venezuelano nas principais praças do país, da mesma forma como se despediram de líderes históricos do regime cubano, informou a imprensa local.
"Em meio a uma profunda dor e consternação pelo falecimento do querido presidente venezuelano Hugo Rafael Chávez Frías, amanhã, quinta-feira, entre as 8 horas da manhã e as 8 da noite, nosso povo prestará sentida e patriótica homenagem ao amado líder da Revolução Bolivariana", indicou o governo em um breve comunicado.
O texto, publicado nos dois jornais governamentais, Granma e Juventude Rebelde, ressaltaram que "o Memorial José Martí (na Praza da Revolução de Havana) será o principal local de concentração".