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Cuba lembrará o presidente venezuelano Hugo Chávez como líder histórico

Nos prédios públicos e nas fortalezas coloniais de El Morro e La Cabaña, na Baía de Havana, as bandeiras cubanas tremulavam a meio mastro em um luto de três dias em homenagem a Chávez

Agência France-Presse
postado em 06/03/2013 19:16
Havana - Com as bandeiras a meio mastro, Cuba começou a se despedir nesta quarta-feira (6/3) do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que será lembrado na quinta nas principais praças da Ilha com uma homenagem póstuma geralmente reservada a dirigentes históricos do regime cubano.

Nos prédios públicos e nas fortalezas coloniais de El Morro e La Cabaña, na Baía de Havana, as bandeiras cubanas tremulavam a meio mastro em um luto de três dias em homenagem a Chávez. O dirigente venezuelano, que faleceu na terça-feira, em Caracas, vítima de um câncer, teve Cuba como seu principal aliado político e maior sócio comercial nos últimos 14 anos.

"Hugo Chávez, presente! A Revolução Venezuelana será mais forte em honra a teus anseios e sacrifícios. Ante a dor, o povo unido", escreveu a deputada Mariela Castro, filha do presidente Raúl Castro, em sua conta de Twitter.


O provável herdeiro político cubano, Miguel Díaz-Canel, enviou "um abraço comovido" à Venezuela pela morte de Chávez, mas nem Fidel nem Raúl Castro - que sucedeu seu irmão no comando após a doença de Fidel em 2006 - comentaram publicamente a morte de seu aliado e amigo.

"Sejam essas as nossas primeiras palavras para a família Chávez, que é a grande família venezuelana e latino-americana: nosso abraço comovido para o grande povo que chora", disse Díaz-Canel em um ato público na presença de Raúl Castro em Santiago de Cuba, 900 km ao sudeste de Havana.

[SAIBAMAIS]A Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), presidida por Cuba, recebeu com "consternação e profunda dor" a morte de um dos principais motivadores do bloco de 33 países, em um comunicado divulgado em Havana.

Uma homenagem a Chávez será realizada na quinta-feira na emblemática Praça da Revolução de Havana, palco das maiores manifestações do regime comunista cubano. Atos públicos similares ocorrerão em toda a Ilha.

Chávez terá homenagens à altura do comandante da revolução cubana Juan Almeida (em setembro de 2009) e de Vilma Espín, esposa do presidente Raúl Castro (em junho de 2007), que foi a mais alta dirigente feminina do país.

Uma declaração oficial cubana, emitida na terça-feira, ressaltou: "Chávez também é cubano! Sentiu em sua carne nossas dificuldades e problemas e fez o que pôde, com extraordinária generosidade". A nota destacou que Chávez "acompanhou Fidel como um verdadeiro filho e sua amizade com Raúl foi íntima", além de "brilhar nas batalhas internacionais contra o imperialismo".

A morte de Chávez constitui um duro golpe para a ilha e forçará Raúl Castro a acelerar suas reformas econômicas para evitar o risco de uma nova crise, segundo analistas. "Sem Chávez, as possibilidades de expansão do comércio de serviços (cubanos) por petróleo (venezuelano) são limitadas. A urgência de acelerar a transição rumo a um modelo de economia mista, com maior abertura a investimentos estrangeiros, é ainda mais reforçada", disse o analista cubano Arturo López-Levy, da Universidade de Denver, no Colorado.

Quando chegou ao poder em 1999, Chávez estendeu a mão à Havana com os vastos recursos petrolíferos venezuelanos, favorecendo a recuperação paulatina da economia cubana da aguda crise que caiu após o fim da ajuda soviética, uma década antes.

"A morte de Chávez põe em destaque uma vez mais as deficiências nas políticas dos irmãos Castro: não diversificar a economia cubana, não permitir que mais cubanos gerem riqueza por si mesmos e façam o país genuinamente independente", explicou por sua vez à AFP Paul Webster Hale, ex-embaixador britânico em Cuba e professor da Universidade de Boston, nos Estados Unidos.

As autoridades cubanas guardaram silêncio sobre o impacto que pode sofrer a Ilha com a morte de seu aliado, enquanto o fantasma dos difíceis anos 1990 aflora entre muitos cubanos.

O cantor e compositor Silvio Rodríguez se despediu de Chávez com um "Até sempre, Comandante" e seis fotos de ambos em um concerto, que publicou em seu blog segundacita.blogspot.com. Por sua vez, o time cubano que disputa no Japão o Clássico Mundial de Beisebol comentou que a morte é "para cada atleta, técnico ou diretor do beisebol cubano motivo de uma sentida e profunda tristeza".

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