Agência France-Presse
postado em 06/03/2013 20:41
O féretro com os restos mortais do presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou na tarde desta quarta-feira à Academia Militar de Caracas, onde ficará em câmara-ardente até a sexta-feira, para receber o último adeus do povo.Acompanhado por familiares, funcionários, líderes políticos e milhares de seguidores mergulhados na tristeza, o corpo de Chávez cruzou os portões da Academia Militar após sete horas de cortejo pelas ruas de Caracas.
Os militares retiraram o caixão do carro fúnebre entre aplausos e gritos de "Viva Chávez" da multidão.
Segundos depois, o féretro foi carregado nos ombros de vários colaboradores, entre eles o ministro dos Esportes, Héctor Rodriguez.
Os militares que protegiam o féretro explicaram ao público que após uma cerimônia religiosa restrita à família e a altos funcionários e dirigentes ;chavistas; a câmara-ardente será aberta a visitação.
A câmara-ardente está instalada no salão da Academia Militar, onde o jovem Chávez foi cadete e viu despertar sua vocação política que o levou ao poder em 1999.
Chávez será enterrado na sexta-feira, diante de vários dirigentes estrangeiros.
Uma imensa maré humana acompanhou o cortejo fúnebre entre o hospital militar e a Academia, seguindo o féretro coberto com a bandeira venezuelana e transportado em um carro ornamentado com flores brancas e amarelas.
"Até a vitória sempre, comandante, te amamos" - gritavam entre lágrimas centenas de milhares de pessoas, pedindo que Chávez seja sepultado no Panteão Nacional, ao lado do Libertador Simón Bolívar.
"Isto é a história. Passarão 100 anos até surgir outro líder assim", disse entre soluços à AFP Luz Mayel, 38 anos, de origem colombiana.
Na saída do hospital militar, onde Chávez faleceu aos 58 anos após quase dois anos de luta contra o câncer, Elena Frías, mãe do ;comandante;, chorava desconsolada, enquanto um capelão militar dirigia uma breve oração.
Vestido com um agasalho esportivo com as cores da Venezuela, o vice-presidente Nicolás Maduro, designado herdeiro político de Chávez e presidente interino do país, caminhou diante do carro fúnebre ao lado do presidente boliviano, Evo Morales, ministros e líderes políticos, como o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
"Maduro já é o nosso presidente. Chávez queria isto e votaremos nele quando as eleições chegarem", disse Margarita Martínez, 37 anos.
"Nicolás não é nenhum improvisado. Chávez era um homem de visão (...) e preparou Nicolás para assumir o poder. O povo vai apoiá-lo", destacou Virginia Calderóan, 45 anos, na porta da Academia Militar.
Durante o cortejo, uma gravação do hino da Venezuela com a voz de Chávez foi acompanhado com emoção por todos os presentes.
Centenares de pessoas, muitas vestidas com camisetas vermelhas, a cor do ;chavismo;, tentaram se aproximar do carro fúnebre.
A Academia Militar foi escolhida para receber o corpo de Chávez porque o presidente considerava seu segundo lar e berço de sua vocação política, que em 1992 o levou a uma fracassada tentativa de golpe e sete anos depois à presidência da Venezuela.
O chanceler Elías Jaua informou que uma capela fúnebre foi projetada para permitir que o maior número possível de pessoas possam ver seu "pai, seu libertador, seu protetor".
Os primeiros presidentes da América Latina começaram a chegar ao país para o funeral oficial, previsto para sexta-feira às 10H00 (11H30 de Brasília).
Sete países latino-americanos decretaram luto nacional, entre eles o Brasil, Argentina, Chile e Cuba.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e seu colega uruguaio, José Mujica, foram os primeiros a chegar à 5H00 (6H30 de Brasília), um pouco antes do boliviano Evo Morales, que foi recebido por Jaua.
O chanceler afirmou que o país amanheceu calmo e disse que 10 chefes de Estado confirmaram presença no funeral. Vários devem chegar ao país na quinta-feira.
Chávez, que assumiu a presidência em 1999, havia retornado de Havana em 18 de fevereiro, mas não foi visto nem ouvido, depois de ter passado por uma cirurgia em 11 de dezembro, a quarta desde o diagnóstico de câncer, cuja natureza e detalhes nunca foram oficialmente divulgados.
Jaua informou na terça-feira que Maduro assumirá a presidência temporária até a convocação da eleição, que ainda não teve a data anunciada pelo governo.
Maduro, de 50 anos, será o candidato governista nas eleições que devem acontecer em um prazo de 30 dias, como determina a Constituição, provavelmente contra o líder opositor Henrique Capriles, de 40 anos.