Agência France-Presse
postado em 07/03/2013 17:29
Nova York - O Conselho de Segurança da ONU decidiu nesta quinta-feira (7/3) impor uma série de sanções, especialmente financeiras, à Coreia do Norte, em resposta ao terceiro teste nuclear realizado em fevereiro por Pyongyang.A decisão acontece no mesmo dia em que Pyongyang acusou os Estados Unidos de quererem provocar uma guerra atômica e os ameaçou com um ataque nuclear preventivo.
A resolução do Conselho, proposta por vários países (entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul e França) e adotada de forma unânime por seus 15 membros, tenta acabar com as fontes de financiamento utilizadas por Pyongyang para se aproximar de suas ambições militares e balísticas.
As medidas colocam sob vigilância os diplomatas norte-coreanos e engrossam uma lista negra de particulares e empresas submetidas ao congelamento de bens ou à proibição de viajar. As sanções definem mais especificamente uma série de produtos de luxo que os dignitários do regime comunista não estarão autorizados a adquirir e obriga a inspeções obrigatórias de carregamentos suspeitos de vir ou ter como destino a Coreia do Norte.
A embaixadora dos Estados Unidos ante às Nações Unidas, Susan Rice, disse, imediatamente depois de ter feito o anúncio, que as sanções atingirão em cheio Pyongyang. "Aplicadas juntas, estas sanções golpearão e golpearão duro. Aumentarão o isolamento da Coreia do Norte e incrementarão o custo para os líderes da Coreia do Norte de desafiar a comunidade internacional", afirmou Rice aos jornalistas.
Rice negociou as sanções com o embaixador da China no conselho, Li Baodong, que disse que a resolução era "um importante passo adiante", mas ressaltando que devem levar a Coreia do Norte a retomar as negociações e tensões.
Os 15 países membros do Conselho de Segurança manifestaram sua preocupação diante do último teste nuclear norte-coreano realizado em 12 de fevereiro, o terceiro depois dos de 2006 e 2009, e se disseram prontos para tomar "importantes medidas adicionais", não informadas, se Pyongyang proceder a um novo teste de bomba atômica ou a um novo lançamento de mísseis.
Pyongyang ameaça EUA com ataque preventivo
Horas antes da votação na ONU, a Coreia do Norte acusou nesta quinta os Estados Unidos de quererem provocar uma guerra atômica e ameaçou o país com um ataque nuclear preventivo.
O regime norte-coreano voltou a apresentar a retórica belicosa. Recentemente já havia ameaçado denunciar o acordo de armistício que pôs fim à Guerra da Coreia em 1953.
"Já que os Estados Unidos se dispõem a desencadear uma guerra nuclear, (nossas) forças armadas revolucionárias (...) se reservam o direito de lançar um ataque nuclear preventivo para destruir os bastiões dos agressores", declarou um porta-voz do ministério das Relações Exteriores norte-coreano citado pela agência oficial KCNA.
Também advertiu que uma segunda guerra da Coreia era inevitável depois que Washington e Seul se negaram a cancelar as manobras militares conjuntas previstas para a próxima semana.
O Rodong Sinmun, o jornal oficial do partido único, brandiu, por sua vez, a ameaça de uma "guerra termonuclear". "A guerra não se veria confinada à península coreana", advertiu, referindo-se ao arsenal balístico do país, capaz, segundo ele, de atingir o território americano, sobretudo as ilhas do pacífico.
A televisão norte-coreana difundiu imagens de uma importante concentração de militares e civis na praça Kim Il-Sung (fundador da República Popular Democrática da Coreia, em 1948) para denunciar "a agressão americana". Em resposta, Washington assegurou estar plenamente capacitado a defender-se de qualquer ataque com míssil por parte de Pyongyang.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu, por sua vez, que Pyongyang "abandone as ações provocadoras e a retórica belicosa". Depois de saudar a decisão do Conselho de Segurança de reforçar as sanções contra a Coreia do Norte com medidas "eficientes e concretas", Ban se disse preocupado com o aumento da tensão na península coreana.
Já o embaixador sul-coreano ante a ONU, Kim Sook, rejeitou a ideia de um diálogo com Pyongyang de maneira imediata. Os dirigentes norte-coreanos, disse, "se isolaram do resto do mundo e não é o momento de falar de diálogo. A Coreia do Norte deve abandonar sua ilusão de transformar-se em potência nuclear".