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Cidade natal de Hugo Chávez chora a perda do maior de seus filhos

Amigo de infância de Hugo Chávez presta homenagem em Sabaneta

Agência France-Presse
postado em 07/03/2013 19:20
Sabaneta - Sobre o montículo do campo de beisebol de Sabaneta de Barinas, cidade natal de Hugo Chávez, 450 km ao sudoeste de Caracas, seu compadre Alfredo Aldana colocou um cartaz do "Comandante", uma demonstração de que, mesmo morto, o presidente venezuelano continua presente, afirmou à AFP.

Aldana, seu colega de colégio, carregou o cartaz nesta quinta-feira com seu retrato emoldurado em madeira pelas ruas centrais de Sabaneta - um vilarejo do estado de Barinas nas planícies da Venezuela - onde há 58 anos, no dia 28 de julho de 1954 nasceu o presidente venezuelano. Chávez faleceu na tarde de terça-feira após quase 20 meses de luta contra o câncer.

"Hugo Chávez havia se proibido morrer, mas morreu como os grandes, como lhe correspondia. Eu já estava resignado, mas tínhamos a esperança de gritar pela sua recuperação e não de chorar a sua morte. Nunca houve alguém como ele no mundo", declarou Aldana à AFP.

Chávez "lançava e lançava fortíssimo", disse de pé no campo, ao lado do cartaz com a foto de seu comandante, em alusão à posição preferida do falecido presidente no beisebol, enquanto dá entrevistas sem parar aos jornalistas que foram ao vilarejo, onde os moradores interromperam a rotina para prestar um tributo ao presidente na praça central.

Logo abaixo do monumento do herói Simón Bolívar, seus seguidores ergueram uma espécie de altar, guardado por uma meia dúzia de militares, com cartazes, velas, flores e até uma exposição de quadros de artistas e fotos da infância.



Fotos de antigos comícios do dirigente em seu vilarejo ou de uma visita que fez à localidade o líder cubano Fidel Castro, seu padrinho político, também brilham no altar. Dezenas de habitantes e vizinhos de localidades próximas levam flores, cantam e se reúnem na sombra das árvores para falar da morte de seu presidente.

Uma grande tela foi montada na praça para que seus habitantes assistam às transmissões do canal estatal da peregrinação de centenas de milhares de venezuelanos que se dirigem ao velório de Chávez, na Academia Militar em Caracas, para prestar uma última homenagem ao líder venezuelano.

"Tem sido muito seca a despedida, tinha que ter uma harpa que não parasse de tocar. Hugo Chávez nunca chorou com nada, mas quando ganhou as últimas eleições estava Eneas Perdomo - intérprete de música regional - cantando, e ele começou a chorar", comentou Aldana.

Uma bandeira da Venezuela e um cartaz gigantesco que dizia "Chávez 2012" (as últimas eleições que o dirigente ganhou em outubro) ainda permanece na praça Bolívar de Sabaneta. "Sou daqui de Sabaneta de Barinas, o vi com meus olhos. Estudou aqui neste colégio onde eu era docente, o vi brincar com meu irmão, tinha tanta vivacidade desde pequeno", disse Rosa Herrera, de 68 anos, apontando para o colégio, ao lado da praça.

Enquanto secava as lágrimas com a camisa, Rosa diz, orgulhosa: "Chávez sempre falava de meu pai, que era o eletricista da cidade. Falou o nome dele em muitos (programas) ;Alô presidente;", comentou.

Aos 68 anos, Egilda Crespo foi a professora de Chávez na quarta série e conta que o seu aluno esperto, já grande, lhe disse que sempre esteve apaixonado por ela. "Me disse uma vez: você era uma Barbie, claro, eu tinha 18 anos e estava recém formada", relembrou a mulher que recorda que o menino Chávez gostava de lhe presentear doces feitos por sua avó.

Alguns dos habitantes da cidadezinha querem que os restos mortais de Chávez sejam sepultados em sua cidade natal, mas outras centenas de milhares de seguidores demandam que seu enterro seja feito no Panteão Nacional, em Caracas, onde estão os restos mortais do Libertador Simón Bolívar.

Um taxista contou à AFP que Chávez disse certa vez que queria que o enterrassem ao lado de sua avó, no cemitério, situado no centro do vilarejo. Até o momento, às vésperas do funeral, o cemitério permanece aberto e sem nenhum movimento aparente ou sinais de que o levariam para lá.

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