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População das Malvinas irá decidir nas urnas a soberania das ilhas

Reverendo deve acontecer no domingo (10/3) e na segunda-feira (11/3)

Agência France-Presse
postado em 08/03/2013 18:00
Londres - A população das Malvinas foi convocada para ir às urnas no domingo (10/3) e na segunda-feira (11/3) para um referendo de autodeterminação que decidirá seu vínculo com a coroa britânica, iniciativa que a Argentina não reconhece em meio a tensões com o Reino Unido pela soberania das ilhas.

Ninguém duvida da vitória do ;Sim; nesta consulta que as autoridades das ilhas, chamadas também de Falklands, esperam reafirmar diante da comunidade internacional seu direito à autodeterminação e, inclusive, mudar a opinião de alguns governos em relação à disputa territorial que já provocou uma guerra relâmpago entre os dois países em 1982.

"O referendo mostrará que a maioria das pessoas está muito contente por ser Território Ultramarino Britânico", declarou à AFP Jan Cheek, membro da assembleia legislativa do arquipélago do Atlântico Sul. "Estaríamos enganados se pensássemos que a Argentina vai mudar (de atitude) da noite para o dia, mas esperamos que seja uma mensagem forte para eles e para outros", acrescentou uma moradora da ilha de sexta geração.

O governo britânico, que controla o arquipélago desde 1833 e recusa qualquer diálogo com o país sul-americano sobre o tema da soberania, apoia o referendo. "Os habitantes das Falkland têm direito a ser ouvidos e a determinar o futuro que querem para eles e para as próximas gerações", declarou um porta-voz do ministério das Relações Exteriores. "Esperamos que o resultado demonstre, além de qualquer dúvida, a opinião da população".



A Argentina, que reivindica historicamente estas ilhas situadas a 400 quilômetros de sua costa, já anunciou, no entanto, que ignorará o resultado de uma consulta que qualifica de ilegal ao considerar que seus habitantes são população "implantada" pelo Reino Unido e, como tal, não têm direito à autodeterminação.

"Este referendo carece de base legal. Não está aprovado nem será reconhecido pelas Nações Unidas ou pela comunidade internacional", disse nesta semana a embaixadora argentina no Reino Unido, Alicia Castro. A diplomata, em um encontro com jornalistas, qualificou esta votação de "pouco mais que um exercício de relações públicas".

A votação será realizada em dois dias para que os 1.672 eleitores tenham a possibilidade de participar. Apesar de a maioria viver na capital, o governo das ilhas irá montar colégios eleitorais móveis para chegar aos lugares mais remotos do arquipélago cuja população total é de cerca de 2.500 pessoas, aos que se somam 1.300 militares britânicos.

Sua organização custará às Malvinas cerca de 73.000 libras (110.000 dólares ou 84.000 euros), e os resultados deverão ser divulgados na noite de segunda-feira, poucas horas depois do fim da votação às 18H00 locais e também horário de Brasília. Em caso de uma inesperada vitória do ;Não; à pergunta "Deseja que as Ilhas Falkland mantenham seu atual estatuto político de Território Ultramarino do Reino Unido?", se organizaria outro referendo para determinar o futuro status político do arquipélago.

Para dar garantias ao processo, a votação será realizada sob a supervisão de uma equipe de observadores internacionais que não foi anunciada oficialmente, mas entre os observadores, segundo a imprensa britânica, deve haver representantes do Uruguai e do Peru, mas nenhum da Argentina.

O governo da presidente Cristina Kirchner insiste em que a disputa territorial deve se resolver mediante negociações bilaterais entre Londres e Buenos Aires, como pedem as Nações Unidas desde 1965, sem interferência dos habitantes das ilhas.

Porém, o Reino Unido sempre recusou esta opção, alegando que os habitantes das ilhas são os únicos que devem decidir seu futuro. "Somos razoáveis, estamos abertos ao diálogo em várias coisas", disse à AFP Dick Sawle, outro representante da assembleia das ilhas. "O que não vamos falar é de soberania porque a gente não quer", emendou.

A tensão entre os dois países pelas Malvinas aumentou com a retomada de uma campanha de prospecção de petróleo britânica, no início de 2010, nas ilhas que antes viviam da criação de quase meio milhão de ovelhas e hoje das licenças pesqueiras. Contudo, os ânimos esquentaram ainda mais no ano passado coincidindo com o 30; aniversário da guerra que deixou 649 soldados argentinos e 255 britânicos mortos.

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