Agência France-Presse
postado em 11/03/2013 14:53
Damasco - A força aérea síria bombardeava nesta segunda-feira (11/3) o bairro de Baba Amr na cidade de Homs, que foi atacado novamente pelos rebeldes.No plano diplomático, um líder da oposição síria, Haytham al-Mana, se reuniu nesta segunda-feira em Moscou com o ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov, para tentar reorientar o apoio da Rússia ao regime de Assad.
Um ano depois de o Exército tomar o bairro de Baba Amr, após várias semanas de intensos bombardeios que deixaram centenas de mortos, os rebeles surpreenderam na madrugada de domingo o regime ao atacar esse bairro da cidade de Homs, segundo anunciou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A aviação do regime respondeu com ataques a Baba Amr, enquanto as forças terrestres mantinham a cidade de Homs "totalmente cercada", segundo a mesma organização.
Na segunda, a força aérea do regime retomou os bombardeios a esse bairro, informou Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH, uma ONG com sede na Grã-Bretanha que obtém suas informações por meio de uma ampla rede de militantes e médicos no terreno.
"A aviação efetuou um ataque aéreo em Baba Amr esta manhã. Os combates e bombardeios continuaram de forma intermitente durante a noite", indicou a ONG, que informou também sobre um êxodo dos moradores para outros bairros.
"O Exército tentará a todo custo expulsar os rebeldes, mesmo que destrua completamente o bairro", disse Abdel Rahman. "Ele fará isso para dar ânimo (ao Exército), porque o bairro de Baba Amr é um símbolo conhecido nos meios internacionais", declarou.
[SAIBAMAIS]O jornal Al-Watan, ligado ao regime, indicou nesta segunda que "o Exército frustrou uma tentativa de infiltração em Baba Amr". "As unidades do Exército sírio infligiram aos grupos armados importantes perdas em vidas humanas e em armas em todos os eixos", indicou o Al-Watan.
Segundo o periódico, "uma unidade do Exército e elementos da segurança enfrentaram homens armados e terroristas da Frente Al-Nusra que tentaram se infiltrar no setor de Baba Amr. Vários homens armados morreram ou ficaram feridos". De acordo com o OSDH, pelo menos 175 pessoas morreram no domingo vítimas da violência em todo o país, entre eles 50 rebeldes, 46 civis e 79 soldados.
Em quase dois anos, o conflito sírio, que começou com uma onda de protestos pacíficos que foi de militarizando frente à repressão, deixou mais de 70.000 mortos, um milhão de refugiados e milhões de deslocados, segundo a ONU. A cidade de Homs, conhecida como "a capital da Revolução", está controlada em 80% pelo Exército, que lançou há alguns dias uma violenta ofensiva contra os redutos rebeldes de Khaldiye e da parte velha de Homs, assediados há oito meses.
As forças governamentais ainda dispararam foguetes e morteiros contra bairros periféricos de Damasco e sua província. Em Idleb (noroeste), o regime lançou sete ataques em uma hora contra a localidade de Hich, para tentar enviar reforços a dois postos de controle militares cercados pelos rebeldes, indicou a OSDH.
Em um comunicado divulgado pela imprensa síria, a autoridade sunita mais importante da Síria, fez um apelo ao povo sírio para que apoie as Forças Armadas "com o objetivo de defender a pátria". O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal grupo da oposição, considerou que se tratava de um "pedido de ajuda do regime sírio".
"O regime criminoso mobiliza mercenários do exterior, convoca uma intervenção externa (...) com a esperança de que o salvem de uma derrota certa", afirmou o CNS em um comunicado, referindo-se ao Irã, principal aliado regional do regime do presidente Bashar al-Assad.
O Estado Islâmico no Iraque (ISI), braço da Al-Qaeda, reivindicou o ataque no qual morreram 48 soldados sírios e nove guardas iraquianos na semana passada em território iraquiano, segundo um comunicado divulgado na internet nesta segunda. Os soldados sírios tinham se refugiado no Iraque fugindo dos combates contra os rebeldes em território sírio.
O comboio sírio foi atacado quando atravessava a província de Al-Anbar, oeste do Iraque, no caminho de volta à Síria. O Iraque está entre seu vizinho Irã, que apoia Bashar al-Assad, e os Estados Unidos, país que o qual mantém boas relações e que exige a saída do presidente sírio, assim como outros Estados árabes.
Na Turquia, a polícia prendeu quatro sírios ligados ao regime de Damasco, suspeitos de terem cometido um atentado a bomba em fevereiro contra um posto de controle na fronteira entre Turquia e Síria, que havia deixado 14 mortos, segundo o ministro turco do Interior.