Moscou - Andrei Lugovoi, principal suspeito da morte do opositor e ex-agente do FSB russo Alexander Litvinenko em Londres em 2006, anunciou nesta terça-feira (12/3) que não participará da investigação judicial sobre o falecimento por envenenamento com polônio deste desertor russo.
"Sou obrigado a anunciar que me retiro da investigação e não participarei mais", indicou Lugovoi durante uma coletiva de imprensa em Moscou, e informou que sua equipe de juristas na Grã-Bretanha não fornecerá mais documentos. A investigação judicial sobre a morte de Litvinenko deve começar no fim do ano.
Uma investigação judicial tem por objetivo estabelecer as circunstâncias exatas de um falecimento em caso de morte violenta ou inexplicável. Ocorre de maneira paralela à investigação policial, não leva a um julgamento e não busca estabelecer as responsabilidades penais ou civis. Lugovoi, atualmente deputado na Rússia, explicou que sua decisão se devia ao pedido do ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, de impedir que provas relacionadas ao caso Litvinenko se tornem públicas por "razões de segurança".
"Existe a posição da Grã-Bretanha de converter isto em segredo e existe a minha posição: não formar parte disto, já que se converteu em segredo", declarou. "Não acredito que uma investigação imparcial sobre este caso seja possível na Grã-Bretanha", acrescentou.
Meios de comunicação britânicos e a família Litvinenko também denunciaram a decisão do governo britânico. Litvinenko, um desertor do FSB (Serviço Federal de Segurança Russo) refugiado no Reino Unido, tomou um chá em novembro de 2006 com Lugovoi e com o empresário Dmitri Kovtun em um hotel londrino. Pouco depois, morreu envenenado com polônio, uma substância radioativa. Os investigadores britânicos consideram Lugovoi o principal suspeito do assassinato.