Agência France-Presse
postado em 16/03/2013 17:33
Havana - A guerrilha comunista das Farc pediu este sábado ao governo da Colômbia que assuma firmemente uma "disposição de mudança" e empreenda reformas sociais para que as negociações de paz em Havana terminem de forma bem sucedida."Se vamos avançar na mesa (de negociações em Havana) deve se expressar igualmente no entorno nacional uma disposição de mudança, de reforma, de solução aos problemas das pessoas que o está exigindo nas ruas", disse à imprensa Andrés París, integrante da delegação negociadora da guerrilha.
"Haverá paz se há mudanças profundas", acrescentou París, que elogiou o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, por ter se manifestado esta semana "por mudanças profundas em nosso país".
"Portanto esperamos as leis de reforma agrária e que ao menos se levem em consideração as propostas das Farc", disse, acrescentando que as palavras de Santos "mostram a vontade e a possibilidade de continuar avançando na mesa de diálogo".
Santos, que aspira a ser reeleito em 2014, disse nesta quarta-feira que tem o propósito de deixar o governo quando houver paz, mas advertiu que esta "não é apenas deixar de nos matar: a paz é semear através da educação e gerar uma atitude entre os colombianos de reconciliação e de unidade".
[SAIBAMAIS]"Esse espírito deve se refletir no conteúdo das políticas que se desenvolveram no país", disse París na chegada da delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ao Palácio de Convenções de Havana, sede do diálogo.
París destacou, ainda, que as Farc não decidiram a forma como participarão na política colombiana no futuro, mas advertiu que não se deve repetir o vivido há duas décadas, quando foram assassinados dezenas de militantes e dirigentes da União Patriótica (UP), que integrava ativistas e ex-guerrilheiros de esquerda desmobilizados.
"A história da União Patriótica, esta experiência de transitar da guerra à paz, demonstra que a obra que construamos em Havana tem que ser muito cuidadosa", afirmou París.
Se for alcançado um acordo de paz, "as Farc não podem se tornar os cadáveres do século XXI", como ocorreu com a UP no final dos anos 1980 e na década de 1990, acrescentou.