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Partido Republicano dos EUA faz autocrítica e apoia reforma migratória

Elaborado ao longo de três meses, depois de ouvir mais de 50 mil pessoas, o documento da cúpula republicana anuncia a criação do posto de diretor político para todas as minorias do país a partir de 1º de maio

Agência France-Presse
postado em 18/03/2013 12:22
Washington - O Partido Republicano anunciou nesta segunda-feira (18/3) uma ampla revisão de sua estratégia política após a derrota nas últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, e, como uma das primeiras medidas, anunciou oficialmente que apoia uma reforma migratória integral.

"Temos de fazer campanha entre os hispânicos, os negros, os asiáticos e os homossexuais para demonstrar que também nos interessamos por eles", afirma o relatório, no qual a palavra "hispânico" aparece 99 vezes em 100 páginas.

Elaborado ao longo de três meses, depois de ouvir mais de 50.000 pessoas, o documento da cúpula republicana anuncia a criação do posto de diretor político para todas as minorias do país a partir de 1; de maio, a criação de departamentos de comunicação específicos e contatos regulares com as principais organizações hispânicas, como a Liga de Cidadãos Latinos (Lulac) ou La Raza.

"Entre os passos que os republicanos vão tomar ante a comunidade hispânica, devemos assumir e defender uma reforma migratória integral", explica o texto.

"Se não fizermos isso, a atratividade de nosso partido continuará caindo e ficaremos com apenas um núcleo tradicional de eleitores que não serão suficientes para vencer as eleições do futuro", advertiu em uma coletiva de imprensa Zori Fonalledas, republicana de Porto Rico e uma das responsáveis pelo relatório.



"O Partido Republicano não pode descuidar e não descuidará de nenhum grupo demográfico, nenhuma comunidade, nenhuma região deste país", declarou o presidente do partido, Rence Priebus, também na coletiva de imprensa.

Até 2050, os brancos deixarão de ser a maioria nos Estados Unidos. Os latinos já são a principal minoria do país. A preferência dos hispânicos pelo presidente Barack Obama aumentou nas eleições de novembro: 71% votaram no democrata. Cerca de 12 milhões de hispânicos foram às urnas, novamente um número recorde.

O Partido Democrata desenvolveu nos últimos anos uma potente maquinaria eleitoral que inclui uma base de dados de milhões de eleitores a partir de sua origem, zona geográfica ou preferências, que foi determinante nas últimas eleições.

Os republicanos querem imitar este esforço, construir sua própria base de dados e anunciaram inclusive que criarão um escritório especial no Vale do Silício californiano, ao sul de São Francisco. O comitê nacional republicano, que ordenou o relatório, também anunciou que reduzirá o calendário das eleições primárias, que terminam na seleção do candidato presidencial.

Irão ocorrer menos debates entre os candidatos e a convenção que deve empossar o aspirante será realizada antes do mês de agosto do ano eleitoral, quando ela ocorria até então. Mas o partido não quer esquecer, no entanto, sua mensagem tradicional: livre empresa, individualismo, religião, valores familiares, que considera que continuam sendo válidos nos Estados Unidos.

"Vamos aprender o que funciona em nível estatal e aplicar nacionalmente: por exemplo, quando um conservador como Steve Pearce, no Novo México, vence em um distrito predominantemente hispânico, precisamos aprender as lições", explicou Priebus.

Esta também é a mensagem do senador pela Flórida Marco Rubio, uma das estrelas ascendentes do partido e da ala mais conservadora, o Tea Party, que na semana passada disse em uma convenção que seu partido não precisa mudar seus princípios, apenas sua maneira de transmiti-los.

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