Agência France-Presse
postado em 18/03/2013 14:03
Istambul - A aviação síria bombardeou nesta segunda-feira (18/3) pela primeira vez a fronteira com o Líbano, no momento em que a oposição síria, reunida em Istambul, tenta escolher um primeiro-ministro para gerir os territórios conquistados pelos rebeldes hostis ao presidente Bashar al-Assad."A aviação do regime bombardeou o norte do Líbano, atingindo Wadi al-Khayl, próximo da cidade fronteiriça de Arsal", declarou o departamento de Estado americano, confirmando uma informação de uma fonte militar libanesa.
A porta-voz do departamento de Estado, Victoria Nuland, considerou a ação como uma "escalada significativa na violação da soberania do Líbano, pela qual o regime sírio é responsável".
Um oficial dos serviços de segurança libaneses no terreno afirmou que a aviação síria lançou quatro mísseis contra posição da rebelião síria em Arsal, território libanês perto da fronteira.
Paralelamente, os líderes da coalizão, reconhecida por dezenas de países como a única representante do povo sírio, iniciaram uma reunião de dois dias em Istambul com o anúncio positivo do Exército Sírio Livre (ESL) de seu apoio a um governo interino.
"Apoiaremos este governo e trabalharemos sob sua égide", declarou em coletiva de imprensa Selim Idriss, o chefe do Estado-Maior do ESL, a principal força armada da rebelião. "Assumimos a responsabilidade de proteger o governo (interino) em todas as áreas libertadas na Síria, e se um ministro quiser visitar uma região ainda não libertada, seremos responsáveis por sua proteção, até o coração de Damasco", ressaltou Idriss.
O líder rebelde também garantiu que o ESL está em condição de controlar as armas que lhe for entregue, enquanto a França se diz pronta a armar os rebeldes com a Grã-Bretanha. "Esperamos que os países europeus tomem a decisão de nos dar armas e munições (...) Garantimos que essas armas não cairão nas mãos dos extremistas", afirmou.
Confiantes neste apoio, os 73 representantes da Coalizão devem escolher o modelo de Poder Executivo que será estabelecido, entre um governo interino com todas as prerrogativas políticas ou um órgão executivo com poderes limitados, que permitirá a oposição de ocupar a cadeira da Síria na próxima cúpula da Liga Árabe no final de março. "Posso dizer que cerca de 60 dos 73 membros da Coalizão querem um governo", declarou um porta-voz da Coalizão, Khaled al-Saleh.
Em seguida, deverão escolher um primeiro-ministro. Entre doze candidatos, três são favoritos: um ex-ministro da Agricultura do ex-presidente Hafez al-Assad, Assad Moustapha, o economista Osama al-Kadi e um empresário das telecomunicações, Ghassan Hitto.
Gerir as zonas "libertadas"
O líder do Executivo deverá ser eleito em uma votação majoritária de dois turnos, mas os debates tentarão alcançar um consenso o mais largo possível antes da eleição. "Trabalhamos para chegar a um consenso. Ninguém pode garantir que haverá votação hoje ou amanhã, mas há chances de isso acontecer", declarou Nashar.
"Mesmo os mais antigos Parlamentos no mundo levam tempo para tomar uma decisão. Para mim, é um sinal de democracia", comentou o presidente da Coalizão, Ahmed Moaz al-Khatib.
A primeira tarefa do primeiro-ministro, se eleito, será a de nomear um governo responsável por gerir os territórios do norte e do leste do país conquistados pelos insurgentes, mas afundados no caos.
Este novo Executivo deverá, necessariamente, ter sua sede na Síria, ressaltou al-Saleh, "um governo que trabalha via internet ou Skype não pode funcionar".
Eleito por uma Coalizão, cuja representatividade é muitas vezes contestada por militantes no terreno, o primeiro-ministro deverá rapidamente confirmar na Síria a sua legitimidade.
Se eleito, "o primeiro-ministro viajará imediatamente para Síria e se encontrará com os líderes de grupos rebeldes que combatem o regime de Assad", afirmou Nashar.
Os rebeldes vão delimitar "até que ponto estão prontos para aceitar as prerrogativas do primeiro-ministro. Isso poderá levar tempo", acrescentou.