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Iraque lembra o décimo aniversário do início da guerra em meio a ataques

As autoridades iraquianas não previram nenhuma cerimônia para esta quarta-feira, e a celebração do aniversário provavelmente irá ocorrer em 9 de abril, dia da queda de Bagdá

Agência France-Presse
postado em 20/03/2013 10:51
Bagdá - O Iraque lembrou nesta quarta-feira (20/3), em um contexto de aumento da violência e agravamento da situação política, o décimo aniversário da invasão liderada pelos Estados Unidos para tentar angariar um aliado estável e democrático no Oriente Médio.

A data acontece com pouco alarde em Bagdá, um dia após uma onda de atentados e ataques com armas de fogo matar 56 pessoas em todo o país, e depois do início de um boicote ao governo por parte de alguns ministros e do adiamento de algumas eleições provinciais. A Al-Qaeda, rede extremista que integra o Estado Islâmico do Iraque (ISI), reivindicou a responsabilidade pela violência em declarações publicadas nesta quarta-feira em fóruns jihadistas.



"O que ocorreu na terça-feira é a primeira etapa, que, se Deus quiser, continuará com a vingança daqueles que tiveres executado", disse o ISI. Em Washington, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prestou homenagem ao sacrifício das tropas de seu país, mas teve poucas palavras para o povo iraquiano, e, por sua vez, prometeu apoiar os veteranos americanos feridos no conflito.

As autoridades iraquianas não previram nenhuma cerimônia para esta quarta-feira, e a celebração do aniversário provavelmente irá ocorrer em 9 de abril, dia da queda de Bagdá. A violência aumentou antes do aniversário, especialmente na terça-feira, com 120 pessoas mortas na última semana, segundo um balanço da AFP baseado em relatórios oficiais de segurança e médicos.

Uma média de 10 pessoas morreram em ataques todos os dias neste mês, segundo números da AFP. No total, ao menos 20 explosões e disparos múltiplos deixaram 56 pessoas mortas e mais de 220 ficaram feridas na terça-feira, o dia mais sangrento no Iraque em seis meses, o que reflete a agitação que segue assolando o país.

A ofensiva lançada há uma década com o objetivo declarado de acabar com as armas de destruição em massa de Saddam Hussein, que nunca foram encontradas, se concentrou rapidamente em converter o Iraque em um aliado do Ocidente em uma região instável. Embora a guerra tenha sido relativamente breve - começou no dia 20 de março de 2003, Bagdá caiu semanas mais tarde, e o então presidente George W. Bush declarou a missão cumprida no dia 1; de maio - suas consequências foram violentas e sangrentas.

Um relatório britânico baseado no Iraq Body Count e pesquisadores do The Lancet situam o número total de mortos na última década em mais de 112.000 civis. As vítimas fatais alcançaram seu auge em 2006 e 2007, quando milhares de pessoas foram assassinadas a cada mês. Das disputas territoriais no norte às questões sobre a divisão das receitas em matéria de energia, um número de problemas de primeira ordem continua se solução, e o primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, enfrenta seus antigos sócios do governo há meses.

Na terça-feira, o poderoso clérigo xiita Moqtada Al-Sadr suspendeu a participação de seu bloco nas reuniões do gabinete de unidade nacional do Iraque em resposta às difíceis decisões parlamentares de Maliki. Isto significa que cinco ministros leais ao movimento de Sadr não comparecerão às reuniões semanais do gabinete até nova ordem.

As autoridades, por sua vez, anunciaram que as eleições provinciais previstas para o dia 20 de abril pela primeira vez no Iraque em três anos seriam adiadas nas províncias de Anbar e Nínive por motivos de segurança, entre eles ameaças aos candidatos.

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