Mundo

Governo colombiano e guerrilha das Farc avançam nas negociações

As Farc, que decretaram uma trégua unilateral no início das negociações em Cuba, reafirmaram nesta quinta-feira a necessidade de um cessar-fogo bilateral enquanto prossegue o diálogo

Agência France-Presse
postado em 21/03/2013 19:34
Havana - O processo de paz entre o governo da Colômbia e a guerrilha das Farc discutido em Havana avança, apesar de persistirem alguns desacordos, destacaram nesta quinta-feira (21/3) os dois lados, antes de um recesso de 11 dias nas negociações.

As delegações negociadoras do governo e da guerrilha pediram à ONU e à Universidade Nacional que organizem em abril um debate popular similar ao realizado em dezembro, um sinal de que estariam próximas a fechar o primeiro ponto da agenda - o tema agrário" - e passar ao segundo: "participação política".

"Diante do avanço, as delegações pediram à Oficina da Organização das Nações Unidas na Colômbia e ao Centro de Pensamento para a Paz da Universidade Nacional que iniciem a preparação de um novo foro popular sobre o segundo ponto da agenda, a participação política, que seria realizado no final do próximo mês".



"As delegações convidam todos os colombianos e organizações sociais a participar com suas propostas sobre a agenda de diálogo através da página www.mesadeconversaciones.com.co ou com os formulários que estão sendo distribuídos nas prefeituras de todo o país".

O bureau da ONU em Bogotá e a Universidade Nacional organizaram o primeiro foro popular, sobre o tema agrário, de 17 a 19 de dezembro, e suas conclusões foram entregues no dia 9 de janeiro a Bogotá e às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em Havana.

Os demais três pontos da agenda de cinco são drogas, abandono das armas e indenização das vítimas. "Continuamos avançando na construção de acordos dentro do primeiro ponto da agenda (tema agrário), mas persistem várias divergências", disse o chefe dos negociadores do governo, Humberto de la Calle.

"Voltaremos a nos reunir a partir do próximo dia 2 de abril com a esperança de concluir em breve a discussão deste ponto para passar ao seguinte", precisou De la Calle antes de viajar a Bogotá.

Iván Márquez, líder dos negociadores da guerrilha, destacou que "não há como retroceder, vamos sempre em frente, avançando de maneira lenta e persistente". O líder guerrilheiro admitiu que "é preciso resolver alguns pontos de vista divergentes", entre eles mineração, latifúndio e "monocultura voltada à produção de combustíveis".

De la Calle destacou que nos últimos dias o processo de paz recebeu o apoio de vários líderes, como o Papa Francisco, o presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, e o embaixador dos Estados Unidos em Bogotá, Michael McKinley. Mas o negociador reafirmou que "o governo não vai abrir o diálogo sobre novos temas", citando a proposta das Farc de discutir "a desmilitarização das zonas rurais".

"Também não vamos discutir a doutrina das nossas forças militares, a criação de um imposto para as empresas mineradoras ou a renegociação da dívida externa, entre outras coisas que as Farc citam mas que não estão na agenda".

As Farc, que decretaram uma trégua unilateral no início das negociações em Cuba, reafirmaram nesta quinta-feira a necessidade de um cessar-fogo bilateral enquanto prossegue o diálogo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação