AM; - Barack Obama conseguiu nesta sexta-feira reconciliar Israel e a Turquia, que mantinham relações frias desde 2010, ao final de sua visita oficial à Terra Santa, antes de abordar o conflito sírio durante uma visita à Jordânia.
Em um gesto inesperado, pouco antes da saída do presidente americano, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apresentou um pedido de desculpas ao chefe de Governo turco, Recep Tayyip Erdogan, pela morte de nove turcos que levavam ajuda humanitária para a Faixa de Gaza em 2010.
Os dois dirigentes decidiram, por fim, normalizar as relações entre os dois países, incluindo as diplomáticas, segundo um comunicado de Netanyahu. Barack Obama concluiu nesta sexta-feira sua primeira viagem presidencial à Terra Santa com visitas simbólicas a Jerusalém e a Belém, um dia depois de fazer um apelo direto aos israelenses para avançar nas negociações de paz com os palestinos.
[SAIBAMAIS] Em Jerusalém, o presidente americano visitou o Monte Herzl, onde está enterrado o primeiro-ministro israelense assassinado Yitzhak Rabin, antes de ir ao Memorial Yad Vashem do Holocausto. Ele deixou pedras, segundo o costume judaico, nos túmulos de Theodor Herzl, pai do sionismo, e de Yitzhak Rabin.
Obama almoçou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. As discussões centraram-se em "uma série de desafios à segurança nacional e ao processo de paz com os palestinos", segundo um membro da delegação israelense. "O primeiro-ministro ressaltou a importância da segurança no processo".
Durante a tarde, o presidente dos Estados Unidos realizou uma breve visita à Basílica da Natividade, local de nascimento de Jesus segundo a tradição cristã, em Belém, na Cisjordânia, onde foi recebido pelo presidente palestino, Mahmud Abbas.
Acompanhado de seu secretário de Estado, John Kerry, e Abbas, Obama passou 20 minutos na basílica, o primeiro local palestino inscrito em junho de 2012 como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em uma decisão criticada pelos Estados Unidos.
Uma tempestade de areia impediu que Obama fizesse o trajeto de helicóptero até Belém, como esperado, o que deu ao presidente americano a oportunidade de ver a barreira de separação israelense na Cisjordânia.
Em um discurso empolgante para 2.000 jovens israelenses em Jerusalém, o ponto alto da sua visita, Barack Obama exortou na quinta-feira a Israel e os palestinos a escolherem a paz, sem contudo traçar um caminho para a solução de dois Estados.
200 milhões à Autoridade palestina
"O propósito da visita de Obama a Israel foi alcançado: ganhou os corações dos israelenses e deu-lhes uma sensação de segurança, na esperança de que assumam a responsabilidade de empurrar seus líderes para um acordo de paz com os palestinos", explicou o jornal israelense Haaretz.
"Obama escolheu pedir que os jovens se revoltem contra a classe política. Os políticos não farão nada (para agir pela paz com os palestinos), disse a eles. Obama havia dito coisas semelhantes a estudantes egípcios há quatro anos na Universidade do Cairo", confirmou o editor do popular jornal Yediot Aharonot.
Os líderes palestinos não têm muito o que comemorar, mas o Ministério das Finanças indicou em seu site que os 200 milhões de dólares de ajuda americana bloqueados há meses no Congresso haviam sido pagos em fevereiro, com a aproximação da visita.
John Kerry retornará a Jerusalém na noite de sábado, após 24 horas na Jordânia com Obama, para discutir os próximos passos do processo de paz com Netanyahu.
Depois de ter passado grande parte de sua visita em Israel discutindo o programa nuclear iraniano e assegurando às autoridades israelenses o apoio "eterno" dos Estados Unidos, Obama vai tratar da guerra na Síria, que já matou mais de 70.000 pessoas e deixou mais de um milhão de refugiados em dois anos, segundo a ONU.
Em Jerusalém, ele insistiu que o presidente sírio, Bashar al-Assad, deve "partir" e advertiu Damasco para "o uso de armas químicas contra o povo sírio ou sua transferência para grupos terroristas."
Obama recusou-se a fornecer ajuda militar aos rebeldes, mas deu apoio logístico, bem como centenas de milhões de dólares em ajuda humanitária.