Agência France-Presse
postado em 26/03/2013 16:41
A Suprema Corte dos Estados Unidos inicia nesta terça-feira um debate histórico sobre o casamento entre pessoas de mesmo sexo, em um país onde quatro em cada cinco estados proíbe esta prática, mas que conta com o apoio da opinião pública.Durante dois dias, advogados de ambos os lados do polêmico debate vão expor seus argumentos aos nove juízes da mais alta instância do Poder Judiciário nos Estados Unidos.
Quando emitir sua decisão no final de junho, a mais alta instituição jurídica americana deverá optar pela prudência, escolhendo uma opção intermediária, invés de legalizar de imediato o casamento gay em todo o país, de acordo com os especialistas.
"Tradicionalmente, a Suprema Corte prefere atuar por etapas", explicou à AFP Thomas Keck, professor da Universidade de Syracuse. "Mas, seja qual for sua decisão, será um passo para a legislação do casamento entre pessoas do mesmo sexo em um futuro próximo".
Do lado de fora da Corte, centenas de partidários e críticos do casamento gay iniciaram seus protestos.
Os dois grupos, que começaram suas manifestações separadamente, acabaram se aglomerando nas escadarias do imponente prédio da Suprema Corte.
A organização "Respeito ao matrimônio", que coordena a manifestação, reúne 100 organizações de estudantes, profissionais e grupos de defesa dos direitos cívicos, estava presente demonstrando seu apoio ao casamento gay.
"O casamento é um direito constitucional", repetiam em coro.
A poucos metros dali, na imensa esplanada do Mall, centenas de defensores do casamento tradicional, vestidos com as cores da bandeira americana, iniciavam sua "Marcha pelo Matrimônio" na direção do prédio do tribunal.
os manifestantes divididos por cores (vermelho, pró-casamento gay; e vermelho, branco e azul, contrários) buscarão o apoio da opinião pública.
Pesquisas de opinião recentes mostram que a maioria dos americanos aceita o princípio do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que já é uma realidade legal em nove estados, além do Distrito de Columbia. Nos demais, continua proibido.
O presidente Barack Obama reiterou seu apoio à causa nesta segunda-feira, por meio de uma conta no Twitter administrada em seu nome pelo ;Organizing for Action;, um grupo de pressão fundado após sua reeleição.
"Cada americano deveria poder se casar com a pessoa que ama", dizia a página no Twitter, com a hashtag "#LoveIsLove".
Nesta terça, a Suprema Corte ouvirá os argumentos dos casais que desafiam a "Proposta 8", como é conhecido o referendo realizado em 2008 na Califórnia e que paralisou a iniciativa do estado para permitir as uniões homossexuais.
Na quarta-feira, o tribunal vai considerar a Lei de Defesa do Casamento (DOMA, na sigla em inglês), lei federal que define casamento como uma união entre um homem e uma mulher, negando os mesmos direitos e privilégios aos casais de mesmo sexo.
Vigílias noturnas em defesa do casamento gay estão previstas para acontecer em todo o país. Segundo o jornal "Los Angeles Times", uma prima lésbica do juiz presidente do Supremo, John Roberts, irá à Corte nesta terça.
Roberts, nomeado no governo do então presidente George W. Bush, teve um papel essencial na decisão da Suprema Corte de defender o controverso pacote de reformas para a saúde, promovido por Obama.