Em meio às articulações de líderes ocidentais e de aliados do regime de Bashar Al-Assad para solucionar a guerra civil síria, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, advertiu que há ;suspeitas crescentes; sobre o uso de armas químicas no país. O chanceler ressaltou que ainda é preciso uma verificação detalhada para confirmar a informação. No entanto, correspondentes do jornal francês Le Monde afirmam ter testemunhado, por ;dias seguidos;, ataques químicos em Jobar, um bairro de Damasco. ;Os homens se ajoelham, engasgam, vomitam;, descreveu o fotógrafo Laurent Van der Stockt. O repórter Jean-Philippe Rémy relatou que os gases são usados nas frentes de combate para evitar dispersões. De acordo com ele, o regime sírio misturaria produtos, inclusive com gás lacrimogêneo, ;para confundir as pistas e dificultar a observação de sintomas;.
A utilização de armas químicas foi estabelecida pelos países ocidentais como uma espécie de ;linha vermelha; ; um limite de tolerância à violência das forças sírias contra os insurgentes opositores. Na semana passada, a Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou a autorização para uma inspeção na Síria, mas Al-Assad nega ter lançado mão do arsenal proibido. Gunther Rudzit, coordenador do curso de pós-graduação em relações internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, acredita que, se for provado o uso de armamento químico pelo governo sírio, a margem de ação dos líderes ocidentais seria reduzida, em especial do presidente Barack Obama, que estabeleceu o limite de tolerância. ;A liberação de linhas de crédito iranianas para Damasco, no valor de US$ 4 bilhões (anunciada ontem), mostra que sanções ocidentais não vão funcionar;, analisa Rudzit.
No entanto, o especialista vê o aumento das chances de uma intervenção militar americana por via aérea. ;Obama conseguiu fazer Israel e Turquia voltarem a se falar, e John Kerry, secretário de Estado dos EUA, pretende levar a questão para a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas. Vejo uma tentativa de construir uma aliança regional com a justificativa diplomática para uma intervenção aérea;, ele avalia, descartando que americanos sejam enviados a solo.