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Com marcas de Bento XVI, Novo Papa preside sua primeira Via Crucis em Roma

Papa Francisco acompanhou como espectador, da colina do Palatino, boa parte da Via Crucis, sem percorrer a pé as 14 estações

Agência France-Presse
postado em 29/03/2013 18:14
Papa Francisco acompanhou como espectador, da colina do Palatino, boa parte da Via Crucis, sem percorrer a pé as 14 estações Roma - O Papa Francisco preside nesta sexta-feira, em Roma, sua primeira Via Crucis em torno do Coliseu, para lembrar o calvário de Cristo até sua crucificação. O novo pontífice chegou às 20H00 GMT (17H00 Brasília) ao célebre monumento romano, onde milhares de pessoas, muitas com círios, o aguardavam.

O Papa argentino, de 76 anos, acompanhou como espectador, da colina do Palatino, boa parte da Via Crucis, sem percorrer a pé as 14 estações.

[SAIBAMAIS]Francisco foi recebido pelo prefeito de Roma, Gianni Alemanno, e era acompanhado pelo prefeito da Casa Pontifícia, monsenhor Geor G;nswein, secretário particular do Papa emérito Bento XVI e também encarregado de sua agenda.


Este ano, a Via Crucis tem a marca de Bento XVI, que encomendou as meditações lidas a cada estação ao patriarca da Igreja maronita libanesa, Bechara Rai, que por sua vez pediu a dois jovens a redação do texto.

Esta foi uma forma de destacar o drama que vive o Oriente Médio, com a guerra na Síria, a difícil coexistência entre muçulmanos e cristãos, e a fuga de muitos cristãos perseguidos da região.

A mensagem destas meditações encarregadas pelo agora Papa Emérito devem se centrar na defesa da vida, ameaçada por guerras, intolerância, opressão e também, segundo a Igreja, pelas leis (aborto, eutanásia) que não defendem suficientemente os direitos dos mais pobres.

Mais cedo, o Papa Francisco celebrou a missa da Sexta-Feira da Paixão na Basílica de São Pedro.

Sob o ouro e o mármore da Basílica, o pregador da Casa Pontifical, o padre capuchinho Raniero Cantalamessa, comparou a Igreja a um "edifício antigo" e pediu que Francisco a "conduza à simplicidade e à linearidade de suas origens".

Francisco, com fisionomia grave, vestido com a casula vermelha com as cores da Paixão, ouviu atentamente Cantalamessa, que declarou que esta missão havia sido confiada por Deus no século XIII a São Francisco de Assis, que teve seu nome retomado pelo 266; pontífice da Igreja Católica: "Vá e reforme a minha casa".

"No decorrer dos séculos, para se adaptar às exigências do momento, os velhos edifícios foram enchidos de divisões, de escadas, de salas". Mas as "adaptações" que se sucederam "não correspondem mais às exigências. É preciso ter a coragem de pôr tudo isso abaixo", disse.

Ele enumerou os obstáculos ao anúncio do Evangelho: "Os muros divisores (...), o excesso de burocracia, os restos de aparatos, leis e controvérsias passadas, que se tornaram simples detritos".

O Papa beijou o Cristo crucificado, que foi levado a ele, colocando suavemente a sua mão sobre a face de Jesus.

Proximidade com os mais necessitados

Francisco, o primeiro jesuíta que chega ao trono de Pedro, deixou claro em pouco mais de duas semanas de pontificado que deseja uma mudança desta milenar instituição, cuja imagem foi manchada nos últimos anos por lutas internas de poder, abusos sexuais de menores por sacerdotes ou pela atividade econômica nebulosa do banco do Vaticano.

No entanto, os analistas preveem que não será fácil alcançar seus objetivos, devido à resistência dos que preferem manter o status quo.

Talvez, a mensagem mais contundente tenha sido dada pelo Papa na Quinta-Feira Santa. Demonstrando a importância da proximidade com os mais necessitados, Francisco se dirigiu ao centro de detenção de menores de Roma, "Casal del Marmo", onde celebrou uma missa diante de quase cinquenta jovens - 35 meninos e 11 meninas de 14 a 21 anos - e lavou os pés de 12 deles em uma cerimônia que lembra a última ceia de Jesus com os doze apóstolos.

Ajoelhado no chão frio sobre um simples pano branco, Francisco lavou, secou e beijou os pés de dez meninos e duas meninas de diferentes nacionalidades detidos neste centro, dois deles muçulmanos, retirando esta cerimônia simbólica de seu ambiente habitual, a suntuosa basílica de São João de Latrão, na capital italiana, e de seus protagonistas habituais, os sacerdotes.

"Quem está no ponto mais alto deve servir aos outros", "ajudar os demais", disse o Papa, levando para o coração da Igreja de Roma um costume que, como cardeal, Jorge Mario Bergoglio costumava realizar na Argentina, sua terra natal.

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