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Francisco pede paz na Síria e entre as duas Coreias em mensagem de Páscoa

"Paz na Ásia, sobretudo na península coreana, para que sejam superadas as divergências e amadureça um renovado espírito de reconciliação", disse

Agência France-Presse
postado em 31/03/2013 15:19
Cidade do Vaticano - O papa Francisco pediu neste domingo (31/3) uma solução política para a Síria, onde os "refugiados estão esperando ajuda e consolo", e também apelou para que as duas Coreias superem as divergências, em sua primeira mensagem de Páscoa a partir do balcão da Basílica de São Pedro diante de dezenas de milhares de pessoas. Aos 250.000 fiéis reunidos na Praça de São Pedro em um clima ameno de primavera, Francisco deu, como de costume, a sua bênção "Urbi et orbi" ("À cidade e ao mundo"). Neste último momento da Semana Santa, o Papa inovou mais uma vez. O Vaticano havia anunciado que o Papa deveria pronunciar algumas palavras de saudação em 65 línguas, do mongol ao maori, passando pelo aramaico e pelo esperanto, mas Francisco desistiu desse ritual na última hora, se contentando em desejar uma boa Páscoa em italiano, saudando os fiéis "vindos de todas as partes do mundo" e aqueles que o acompanhavam "graças aos meios de comunicação". Outras atitudes ilustram o seu novo estilo à frente da Igreja: ele encurtou várias procissões e leituras, pediu cerimônias menores, cultivou as orações concisas e as frases curtas, ao contrário de seu antecessor Bento XVI. Durante a missa da "Quinta-feira Santa", Francisco surpreendeu no lava-pés ao realizar a cerimônia com que incluiu dois jovens muçulmanos em uma prisão para menores de Roma. Em sua segunda mensagem "Urbi et orbi", após a do dia de sua eleição, em 13 de março, o primeiro pontífice latino-americano se pronunciou pela primeira vez contra os conflitos sangrentos que assolam o planeta. "Vamos pedir a Jesus ressuscitado que transforme a morte em vida, o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz", resumiu Francisco do balcão da Basílica de São Pedro diante de cerca de 250 mil pessoas. Cumprindo com a tradição do domingo de Páscoa, Francisco condenou os conflitos no Oriente Médio, África e Ásia. O apelo mais significativo foi feito às duas Coreias, depois que no sábado a Coreia do Norte declarou estado de guerra contra a Coreia do Sul, em uma nova ameaça que gera uma onda de reações e chamados à moderação para evitar uma catástrofe nuclear na região. "Paz na Ásia, sobretudo na península coreana, para que sejam superadas as divergências e amadureça um renovado espírito de reconciliação", disse. [SAIBAMAIS]O Papa evitou mencionar especificamente os problemas da América Latina, sua região, mas condenou muitos dos males que a assolam, entre eles os tráficos de drogas e de pessoas e a cobiça, com suas consequências sociais. "Paz a todo o mundo, ainda tão dividido pela cobiça", clamou o Papa após denunciar "a violência ligada ao tráfico de drogas e à exploração injusta dos recursos naturais", assim como o "tráfico de pessoas, a maior escravidão do século XXI", disse. O pontífice condenou aqueles "que buscam lucros fáceis" e o "egoísmo que ameaça a vida humana e a família". O Papa lembrou os conflitos mais sangrentos, principalmente o da Síria, para a qual pediu uma solução política diante dos muitos "refugiados que estão esperando ajuda e consolo". "Quanto sangue derramado! E quanta dor ainda será causada, antes que se consiga encontrar uma solução política para a crise?", lamentou. Francisco também pediu a paz entre israelenses e palestinos, e sugeriu "que retomem as negociações com determinação e disponibilidade, com o objetivo de colocar fim a um conflito que já dura muito tempo". Também apelou para um fim definitivo da violência no Iraque e condenou os conflitos no Mali e na Nigéria, "onde muitas pessoas, incluindo crianças, estão sendo reféns de grupos terroristas", ao mencionar quatro menores franceses sequestrados. Pediu paz para a República Democrática do Congo e para a República Centro-Africana, "onde muitos se veem obrigados a abandonar seus lares e ainda vivem com medo", disse. O Papa começou sua mensagem "Urbi et orbi" anunciando a ressurreição de Cristo e manifestando a sua esperança de que sua mensagem de amor chegue, sobretudo, "onde há mais sofrimento, nos hospitais, nas prisões...". O ex-arcebispo de Buenos Aires, de 76 anos, cumpriu uma pesada agenda na primeira Semana Santa que presidiu desde que assumiu o trono de Pedro, durante a qual ilustrou com simplicidade os pontos-chave da mensagem de Cristo, sua opção pelos pobres e a necessidade de uma Igreja mais humilde. Francisco, que neste domingo voltou a atrair uma multidão, saudou cada um dos cardeais presentes na missa de Ressurreição e percorreu o local em um jipe branco para abraçar fiéis e acariciar doentes reunidos na Praça, que estava decorada com 40.000 flores doadas pela Holanda. Após a Semana Santa, o novo Papa deverá começar a trabalhar na reforma interna da Cúria Romana, o que pode significar uma revolução pacífica depois das críticas e polêmicas que desacreditaram nos últimos anos a milenar instituição.

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