Agência France-Presse
postado em 01/04/2013 08:51
Washington - A Coreia do Norte provavelmente adotou medidas meticulosas para ocultar qualquer resíduo de seus testes nucleares de fevereiro, o que alimenta as suspeitas de que está utilizando um novo design de bombas com urânio altamente enriquecido, informa o jornal Washington Post. O jornal, que cita fontes americanas que pediram anonimato e especialistas em armas, afirma que os efeitos da explosão de 12 de fevereiro foram consideravelmente limitados e poucos rastros de radioatividade foram detectados na atmosfera.O governo dos Estados Unidos havia antecipado o teste nuclear, o terceiro da Coreia do Norte, e o acompanhou de perto para detectar resíduos que revelassem a composição da bomba, informou o jornal. Mas nos dias seguintes à explosão, os sensores americanos e sul-coreanos não conseguiram detectar os gases radioativos usuais em nenhuma das 120 estações de monitoramento localizadas ao longo da fronteira entre as Coreias e perto das áreas de testes nucleares.
[SAIBAMAIS]Um avião japonês registrou um breve aumento de um isótopo radioativo, xenon-133, mas o fenômeno não foi considerado conclusivo. O xenon é um gás que se desprende durante explosões atômicas e que permite determinar se o teste foi executado com uma bomba de plutônio, como os testes de 2006 e 2009, ou de urânio.
Um teste executado com urânio confirmaria o que os investigadores suspeitam há algum tempo. Uma bomba de urânio não é mais potente que uma de plutônio, mas a Coreia do Norte contém importantes reservas deste elemento. Segundo o jornal, a ausência de dados concretos poderia sugerir uma tentativa deliberada da Coreia do Norte de prevenir a liberação de indicadores de gases na atmosfera, provavelmente enterrando profundamente na terra a cavidade que serviu para os testes nucleares.
As duas Coreias estão tecnicamente em estado de guerra porque a Guerra da Coreia de 1950-53 terminou com um armistício e não com um tratado de paz. A Coreia do Norte anunciou que considera nulos os acordos de não agressão com a Coreia do Sul e o corte da linha de telefone vermelho entre os dois países em represália às sanções da ONU contra o país aprovadas em março.