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Irã e grandes potências não avançam em negociações em Almaty

Ali Bagheri, adjunto do principal negociador iraniano Saïd Jalili, indicou por sua vez que o Irã apresentou uma contra-proposta, mas não entrou em detalhes

Agência France-Presse
postado em 05/04/2013 14:47
Cazaquistão - O Irã e as grandes potências não registraram progressos nesta sexta-feira nas negociações sobre o programa nuclear iraniano, enquanto Teerã é criticado pela falta de clareza em suas repostas no primeiro dia de negociações em Almaty, no Cazaquistão.

"Não houve resposta clara e concreta à proposta" feita ao Irã pelas grandes potências durante a reunião precedente a este encontro em Almaty no final de fevereiro, declarou um diplomata ocidental. "Nossas ideias provocaram comentários interessados, mas não inteiramente explicados" pelos negociadores iranianos, acrescentou o diplomata.

Ali Bagheri, adjunto do principal negociador iraniano Sa;d Jalili, indicou por sua vez que o Irã apresentou uma contra-proposta, mas não entrou em detalhes.

Representantes dos países do grupo 5%2b1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, França, Grã Bretanha, Rússia e China - mais a Alemanha) e o Irã se reuniram nesta sexta-feira em um hotel de Almaty para longas negociações sem nenhum avanço concreto.

Líderes ocidentais consideraram que as propostas de Teerã parecem antigas ideias já descartadas durante uma reunião realizada em 2012 em Moscou. "A apresentação deles foi, por assim dizer, uma repetição daquilo que expressaram em Moscou. Nossas ideias provocaram comentários que precisam ser explicados", lamentou um diplomata ocidental.

Após duas sessões plenárias, o Irã e o 5%2b1 concordaram em continuar no sábado com as negociações de Almaty, principal cidade do Cazaquistão, uma ex-república soviética da Ásia central.

A representante da diplomacia da UE, Catherine Ashton, que lidera as negociações, expressou esperança quanto a uma "resposta pensada e equilibrada do Irã que possa facilitar um acordo sobre como progredir". Mas as respostas de Teerã suscitaram "ainda mais questões", declarou o negociador russo Sergue; Riabkov, citado pela agência Interfax.

Na última reunião, o Grupo 5%2b1 apresentou uma oferta que previa a "suspensão", e não mais o "fim", das atividades de enriquecimento de urânio a 20% no Irã. Em troca, se comprometeu a flexibilizar algumas das sanções sobre o comércio de ouro e sobre o setor petroquímico.



Além disso, as potência ocidentais exigiam o fechamento do polo de enriquecimento de Fordo, considerado o único a salvo de um ataque militar, e o envio ao exterior de seu estoque de urânio enriquecido a 20%. Mas Jalili alertou nesta sexta-feira que o Irã não abrirá mão de seu direito de enriquecer urânio.

As potências ocidentais e Israel suspeitam que o Irã tenta fabricar armas atômicas sob a fachada de um programa nuclear civil. As autoridades iranianas negam. As resoluções da ONU contra o Irã foram reforçadas unilateralmente por um embargo bancário e petrolífero da União Europeia e dos Estados Unidos.

Contudo, Jalili não descartou uma reunião bilateral com a subsecretária de Estado americano, Wendy Sherman, enquanto Washington espera há anos negociações diretas. "O que a nossa nação espera é que os Estados Unidos corrijam seu comportamento, e não apenas com palavras. Os que vêm para negociações devem vir com este pensamento, e não com ameaças dizendo que todas as opções estão sobre a mesa. Isso contradiz o bom senso", declarou Jalili.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou na quinta-feira que o Irã deve "demonstrar sinceridade" à comunidade internacional e "provar que seu programa nuclear tem apenas fins pacíficos".

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