Agência France-Presse
postado em 06/04/2013 12:33
Almaty - As posições dos países que negociam com o Irã sobre seu polêmico programa nuclear ainda estão "muito afastadas", afirmou a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, que dirige as negociações pelo grupo 5%2b1, ao fim do último dia de conversações na capital do Cazaquistão, Almaty."Está claro que as posições continuam muito afastadas no fundamental", disse Ashton à imprensa.
[SAIBAMAIS]O vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, reconheceu que as partes não chegaram a um acordo e foram incapazes inclusive de concordar sobre a data e o local das próximas negociações, em declarações às agências russas.
Ashton confirmou que não se conseguiu fixar a data e o local da próxima rodada de negociações entre o Irã e o 5%2b1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia, além da Alemanha).
"Portanto, concordamos que as partes retornem as suas capitais para avaliar o ponto no qual estamos", disse Ashton.
"Manterei contato com (o chefe dos negociadores iranianos, Said) Jalili para ver como podemos continuar".
Jalili afirmou após o encontro que as "grandes potências devem ganhar a confiança dos iranianos.
"Devem mostrar sua sinceridade e adotar no futuro um comportamento apropriado", completou.
Ashton afirmou que os dois lados tiveram "longas e intensas discussões" nos dois dias em Almaty.
Mas as partes não chegaram a um compromisso sobre as propostas apresentadas.
"Acredito que o primeiro obstáculo é aceitar a proposta que apresentamos e obter uma resposta real", disse Ashton.
"É bastante óbvio o que queremos obter no final e deixamos claro. O desafio é conseguir um compromisso real que nos permita avançar neste caminho", completou.
O Irã insistiu desde o início das novas conversações no reconhecimento internacional de seu direito a enriquecer urânio, um ponto no qual o grupo 5%2b1 exige concessões de Teerã.
As grandes potências pedem ao Irã o fechamento da central de enriquecimento de Fordo, considerada a única do país a salvo de um ataque militar, e que envie ao exterior as reservas de urânio enriquecido a 20%.
Mas o Irã insiste que o urânio enriquecido a 20% é utilizado para produzir combustível destinado ao reator de Teerã, que fabrica radioisótopos usados contra o câncer.
As potências ocidentais e Israel, inimigo de Teerã, suspeitam que o Irã tenta utilizar o urânio enriquecido para fabricar uma bomba atômica, sob a fachada de um programa nuclear civil, mas a República Islâmica nega a acusação.