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Confrontos diante do funeral de quatro coptas, no Cairo, deixam um morto

Segundo testemunhas, amigos das pessoas mortas foram apedrejados quando deixavam os funerais

Agência France-Presse
postado em 07/04/2013 16:18
Cairo - Uma pessoa morreu neste domingo (7/4) em choques diante da catedral copta de São Marcos, no Cairo, depois dos funerais de quatro coptas mortos na sexta-feira em atos de violência religiosa, causando a condenação do presidente egípcio, Mohamed Mursi.

"Há um morto no Hospital Demerdache", na capital egípcia, afirmou à AFP Ahmed al-Ansari, funcionário do Ministério da Saúde.

Segundo testemunhas, amigos das pessoas mortas foram apedrejados quando deixavam a catedral.

A tropa de choque se mobilizou diante do pórtico principal da catedral copta e disparou bombas de gás lacrimogênio contra o local, informaram jornalistas da AFP.



Civis, a maioria vizinhos do bairro, se esconderam atrás dos agentes e começaram a jogar pedras, garrafas e coquetéis molotov contra os tetos dos prédios situados no recinto da igreja.

Uma pessoa foi atingida no rosto por disparos durante os confrontos e morreu, informou Mohammed Soltane, chefe dos serviços de socorro.

Vários fiéis buscaram refúgio dentro do templo. Testemunhas contaram à AFP que o cortejo fúnebre foi atacado depois de deixar a catedral, quando se multiplicaram gritos contra o poder islamita.

Milhares de pessoas foram à catedral para assistir aos funerais.

"Vá embora! Vá embora" gritaram os fiéis, dirigindo-se ao presidente Mohamed Mursi, um islamita.

O presidente assegurou por telefone a Tawadros II, patriarca dos ortodoxos coptas do Egito, que considera "todo ataque à igreja um ataque pessoal", reportou a TV estatal.

"Considero todo ataque contra a catedral uma agressão contra mim", declarou Mursi em um comunicado, anunciando que havia ordenado "uma investigação imediata".

Mursi anunciou, ainda, "uma investigação imediata" sobre estes atos de violência.

À noite, apesar da persistência das bombas de gás lacrimogênio, dezenas de pessoas, inclusive muçulmanos, continuavam presentes na porta traseira da catedral "por solidariedade e para ajudar".

O ministério do Interior informou em um comunicado que os participantes nos funerais tinham causado danos em carros ao sair, "o que provocou confrontos com os moradores do bairro".

A representante diplomática da União Europeia, Catherine Ashton, em visita à capital egípcia, expressou sua "extrema inquietação" com os incidentes.

Enquanto isso, na cidade de Khusus, ao norte do Cairo, cristãos egípcios coptas e muçulmanos se enfrentaram neste domingo, indicou um oficial da polícia.

"São registrados choques entre cristãos e muçulmanos, e alguns jovens também estão enfrentando os policiais", disse por telefone à AFP o oficial, em Khusus.

Cinco pessoas, quatro delas coptas, morreram em enfrentamentos entre muçulmanos e cristãos na noite de sexta na cidade de Qalyoubia, ao norte do Cairo.

Na sexta-feira, os confrontos em Josuse, setor pobre de Qalyubia, começaram quando um muçulmano de 50 anos fez um comentário para um grupo de crianças que desenhava uma cruz gamada em um dos institutos religiosos do bairro.

O homem insultou os cristãos e a cruz e em seguida discutiu com um jovem cristão que passava por ali. O incidente evoluiu para um tiroteio com armas automáticas entre cristãos e muçulmanos.

Os cristãos coptas representam entre 6% e 10% dos 83 milhões de egípcios. Os confrontos entre as duas comunidades são frequentes.

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