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Kerry volta a Israel e Palestina para tentar reativar negociação de paz

Agência France-Presse
postado em 07/04/2013 19:22
Tel Aviv - O secretário de Estado americano, John Kerry, viajou neste domingo a Israel e aos Territórios Palestinos para tentar reativar as negociações de paz entre israelenses e palestinos, pouco depois de uma visita à Turquia, onde pediu que este país e o Estado hebreu retomem suas relações.

Proveniente da Turquia, Kerry aterrissou na tarde deste domingo em Tel Aviv e dali foi para Ramallah (Cisjordânia), onde se reuniu com o presidente palestino, Mahmud Abbas. Na terça-feira, ele será recebido pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Na conversa de 90 minutos, "construtiva", segundo um funcionário do Departamento de Estado, o presidente Abbas reiterou a Kerry sua exigência de suspensão da colonização judaica e apresentou a libertação de presos palestinos nas prisões israelenses como a maior prioridade para negociar a paz com Israel.

"O presidente Abbas ressaltou que a libertação dos prisioneiros é uma prioridade que cria um clima apropriado para a possibilidade de se obter um avanço no processo de paz", disse à AFP seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina, depois de uma reunião de cerca de 90 minutos no complexo presidencial de Ramallah.



Abbas disse a Kerry que libertar cerca de 4.500 detentos que estão nas prisões israelenses é "a maior prioridade para criar a atmosfera adequada para a retomada das negociações".

Também voltou a pedir uma negociação com base nas fronteiras de 1967, o que implicaria uma retirada israelense de toda a Cisjordânia e de Jerusalém oriental.

Washington tinha avisado de antemão que o secretário de Estado não leva nenhum plano de paz nas malas. Kerry quer, antes de tudo, "escutar" as duas partes e "ver o que é possível" fazer para relançar as discussões em ponto morto.

Durante a visita de Kerry a Ramallah, um foguete foi disparado de Gaza em direção a Israel. O ataque não deixou feridos.

Americanos e palestinos mantiveram suas discussões abertas no fim de março durante a visita histórica do presidente Barack Obama. No encontro de cerca de 80 minutos, considerado "construtivo", foi discutida "uma forma de criar um ambiente propício a negociações", segundo uma autoridade do Departamento de Estado.

Horas antes da visita a Israel e aos territórios palestinos, Kerry passou pela Turquia, onde defendeu a normalização das relações deste país com Israel. "Queremos que esta relação, que é importante para a estabilidade do Oriente Médio e inclusive crucial para o próprio processo de paz, volte à normalidade", disse em uma entrevista coletiva à imprensa ao lado do ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu.

No mês passado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu desculpas ao seu homólogo da Turquia, Recep Tayip Erdogan, pela morte de nove turcos durante a tomada de uma flotilha com ajuda humanitária com destino a Gaza em 2010, que causou o congelamento das relações bilaterais entre os países.

Após esse gesto, ambos os dirigentes, grandes aliados dos Estados Unidos na região, decidiram normalizar suas relações, mas, no momento, ainda não retomaram oficialmente suas relações diplomáticas. Os Estados Unidos esperam acelerar a reconciliação entre Ancara e o Estado hebreu, algo que consideram vital para evitar a propagação do conflito sírio na região.

No entanto, em relação às negociações de paz com os palestinos, Israel não parece disposto a conceder no momento um papel importante à Turquia, assim como havia sugerido John Kerry.

"O processo político deve se desenvolver de forma direta entre nós e os palestinos", declarou neste domingo a ministra israelense da Justiça, Tzipi Livnni, encarregada das negociações com os palestinos, ao responder a uma pergunta da rádio pública sobre o papel que a Turquia poderia desempenhar na retomada das negociações, abandonadas desde setembro de 2010

"Dentro de pouco tempo poderemos avaliar a contribuição dos países da região. A ideia é interessante, mas isso levará tempo", acrescentou Livni, referindo-se às declarações de Kerry em Istambul de que a Turquia podia desempenhar um papel "chave" e dar "uma importante contribuição" ao processo de paz entre Israel e os palestinos.

Advertência ao Irã

Em outro tema, o secretário de Estado americano advertiu ao Irã de que o tempo está se esgotando nas negociações entre as grandes potências e Teerã sobre seu polêmico programa nuclear, depois de dois dias de negociações em Almaty (Cazaquistão) entre o grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido mais a Alemanha) e o Irã sem que ambas as partes conseguissem aproximar suas posições.

"Não é um processo sem fim (...) não podemos conversar à vontade", advertiu Kerry na Turquia.

Durante sua breve visita a Istambul, Kerry pediu também ao governo turco que mantenha suas fronteiras abertas aos refugiados sírios que fogem dos violentos combates entre as tropas do presidente Bashar al-Assad e os rebeldes que tentam derrubá-lo.

Ancara recebe atualmente cerca de 200.000 sírios em campos de refugiados instalados na fronteira entre ambos os países. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), cerca de 1,2 milhão de sírios fugiram para países vizinhos.

Na terça-feira Kerry se reunirá em Israel com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Depois, o secretário americano irá para um encontro de ministros das Relações Exteriores do G8 em Londres, antes de partir para a Ásia em sua primeira viagem por essa região desde que foi nomeado para o cargo.

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