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Frente Al-Nusra, contra o regime sírio, jura lealdade ao chefe da Al-Qaeda

Eles se inteiraram através dos meios de comunicação e, caso o discurso divulgado seja autêntico, não fomos consultados", afirma seu chefe

Agência France-Presse
postado em 10/04/2013 10:39
Homem caminha perto de escombros e prédios danificados em Deir al-Zor, na Síria
Beirute
- A Frente Al-Nusra, na linha de frente de combate contra o regime sírio, anunciou nesta quarta-feira (10/4) que jura lealdade ao chefe da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, mas quer manter sua identidade, de modo que rejeita a fusão com o braço iraquiano da rede extremista. "Nós, a Frente Al-Nusra, juramos lealdade ao xeque Ayman al-Zawahiri (...)", afirma o chefe da Al-Nusra, Abu Mohamed al Julani, em uma mensagem sonora divulgada em fóruns jihadistas.

Por sua vez, se distancia do anúncio de fusão realizado na terça-feira pelo braço iraquiano da Al-Qaeda. "Nós informamos que nem o comando da Al-Nusra, nem sua Shura (conselho consultivo), nem seu responsável geral estavam cientes deste anúncio. Eles se inteiraram através dos meios de comunicação e, caso o discurso divulgado seja autêntico, não fomos consultados", afirma seu chefe.



Acrescenta que a "Frente al-Nusra permanecerá leal a sua imagem, embora continue orgulhosa da bandeira do Estado Islâmico do Iraque (ISI), dos que a levam e dos que se sacrificam e derramam seu sangue sob seu estandarte". O Estado islâmico do Iraque reúne grupos jihadistas sob a proteção da Al-Qaeda.

Na terça-feira (9/4), o chefe do ISI, Abu Bakr al-Bagdadi, anunciou que "já era a hora de proclamar aos ;levantinos; e ao mundo inteiro que a Frente al-Nusra é um braço do Estado islâmico do Iraque". Os dois grupos, acrescentou, se federarão e passarão a se chamar Estado Islâmico no Iraque e em Levante. O Estado Islâmico do Iraque é responsável, sob a liderança da Al-Qaeda, por vários grupos jihadistas.

[SAIBAMAIS]Embora tenha reconhecido o apoio financeiro e militar da Al-Qaeda no Iraque, que "aprovou a proposta de Al-Nusra para salvar nossos irmãos oprimidos na Síria e nos deu algum dinheiro para o projeto do Estado Islâmico do Iraque", Al-Julani considerou que esta declaração pode causar problemas nas fileiras da rebelião.

"A Frente Al-Nusra permanecerá leal a sua imagem. Não queremos precipitar as coisas com o anúncio de um Estado islâmico porque nas regiões libertadas a sharia já é uma realidade, para as resoluções dos conflitos, para a aspiração à segurança. Portanto, este anúncio não se faz necessário", ressaltou.

"Em todo caso, o Estado islâmico na Síria será construído por todos, sem exclusão de nenhuma parte que participa da jihad e do combate na Síria", defendeu. De fato, a AFP constatou que em Aleppo um tribunal islâmico rege a vida dos bairros rebeldes. Casamento, herança, contratos comerciais, tudo passa por esta instância administrada por juízes e advogados que aderiram à rebelião e agora estão sob influência da Frente islamita.

Em Londres, o primeiro-ministro rebelde sírio, Ghassan Hitto, que se reunirá com vários ministros das Relações Exteriores de países do G8, entre eles o americano John Kerry, deve reiterar o pedido da oposição por armas para derrubar o regime de Bashar al-Assad. Um membro do governo americano afirmou nesta quarta-feira que os Estados Unidos analisam a maneira de fornecer apoio à oposição síria.

Trata-de de "discutir a criação de um governo de transição que reflita as aspirações legítimas do povo" sírio, ressaltou. A violência não da trégua no país. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), na terça-feira (9/4), 162 pessoas morreram, incluindo 23 civis, 81 rebeldes e 58 soldados.

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