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Cameron homenageia Thatcher em cerimônia no Parlamento britânico

Os membros das duas câmaras do Parlamento interromperam suas férias de Páscoa para debater sobre o legado da ex-primeira-dama

Agência France-Presse
postado em 10/04/2013 15:40
Londres - O primeiro-ministro conservador britânico, David Cameron, prestou homenagem nesta quarta-feira (10/4) a "uma mulher extraordinária que contribuiu para a grandeza do Reino Unido", em uma sessão parlamentar dedicada a Margaret Thatcher, que, mesmo depois de morta, continua dividindo os britânicos.

Os membros das duas câmaras do Parlamento interromperam suas férias de Páscoa para debater sobre o legado da ex-primeira-dama (de 1979 a 1990), que faleceu aos 87 anos na segunda-feira passada. Cameron, herdeiro político da chamada Dama de Ferro, lembrou uma "líder extraordinária e uma mulher extraordinária", que foi a primeira e até agora a única primeira-dama do Reino Unido e que, com 11 anos no poder, ostenta o recorde de permanência no cargo em mais de 150 anos.

"Fez história, e que este seja seu epitáfio: Fez nosso país voltar a ser grande", afirmou, falando em uma Câmara dos Comuns mais cheia do que o esperado. Cameron destacou o papel-chave que ela desempenhou nos últimos anos da Guerra Fria, e sua luta para devolver a liberdade às Ilhas Falkland (Malvinas) depois do desembarque argentino em 1982.

O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, concordou com Cameron ao considerar que Margaret Thatcher foi "uma figura única e destacada, que rompeu um molde em cada etapa de sua vida". "O Partido Trabalhista não concordou com grande parte do que fez, e ela sempre será uma figura controvertida", afirmou. "Mas podemos estar em desacordo e também respeitar seus êxitos políticos e sua força pessoal", acrescentou, em um discurso crítico, mas sempre respeitoso.



Vários membros de seu partido, que não perdoam Thatcher pelo fechamento das minas, as privatizações ou o enfraquecimento dos sindicatos, optaram por não participar na cerimônia. "Alguns deputados talvez acreditem que era seu dever estar lá, eu não. Seu legado foi a destruição de milhares de empregos", declarou Ronnie Campbell, um ex-minero e agora deputado trabalhista.

Paralelamente ao debate na Câmara dos Comuns, também houve uma sessão na Câmara dos Lordes, da qual Thatcher continuava sendo formalmente membro.

;Operação True Blue; em andamento
Por outro lado, os preparativos para o funeral de Thatcher na próxima quarta-feira, dia 17, prosseguiam sob o codinome "Operação True Blue" ("Azul verdadeiro", em referência à cor azul dos conservadores britânicos). Apesar de o governo não ter comunicado ainda oficialmente a lista, espera-se que cerca de 2.300 convidados britânicos e estrangeiros, liderados pela rainha Elizabeth II - que, segundo dizem, nunca teve boas relações com Thatcher - e seu marido Phillip, duque de Edimburgo.

O filho de Thatcher, Mark, declarou nesta quarta que sua mãe teria se sentido muito honrada pela presença da soberana, que não costuma assistir aos funerais de seus primeiros-ministros, e agradeceu às inúmeras mensagens que recebeu de todo o mundo. Apesar de anunciado pela imprensa britânica, o último presidente soviético Mikhail Gorbachev não irá a Londres devido a problemas de saúde, segundo informou um porta-voz de sua fundação.

A cerimônia fúnebre, antecedida por uma procissão pelas ruas, acontecerá na catedral de St. Paul. Soldados dos principais regimentos que lutaram no conflito contra a Argentina pela soberania das Ilhas Malvinas em 1982 se encarregarão do transporte do caixão e participarão nas honras militares.

A fatura deste funeral cerimonial, que será cercado por um rígido dispositivo de segurança, ficará em torno dos oito milhões de libras (12,3 milhões de dólares), pagos em parte pelo governo e em parte pela família Thatcher. O custo para o contribuinte suscitou inúmeras críticas nesta época de austeridade, mas o ministro das Relações Exteriores, William Hague, indicou à BBC que o país pode se permitir a isso.

Apesar das críticas que recebeu depois de sua morte, Margaret Thatcher é mais popular entre os britânicos do que Winston Churchill, que liderou o Reino Unido durante a II Guerra Mundial, com 28% das opiniões favoráveis frente a 24%, segundo pesquisa YouGov publicada pelo jornal The Sun. Mas a canção "Ding, Dong! A bruxa morreu", cantada por centenas de pessoas que saíram às ruas no Reino Unido para festejar sua morte, converteu-se num dos temas mais populares sete décadas depois de ficar famosa no filme "O Mágico de Oz".

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