Agência France-Presse
postado em 10/04/2013 18:42
Chicago - A primeira-dama dos EUA, Michelle Obama voltou a Chicago, sua cidade natal, nesta quarta-feira (10/4), para fazer um apelo emocionado pelo fortalecimento na lei de controle de armas, afirmando que ela também poderia ter sido vítima da violência das ruas na sua infância.Fazendo uma incomum participação direta no debate político doméstico, Michelle segurou as lágrimas ao lembrar de uma jovem negra moradora de Chicago, chamada Hadiya Pendleton, morta a tiros uma semana depois da posse do presidente Barack Obama, em janeiro.
Enquanto pedia aos senadores e representantes dos EUA e às autoridades locais que encontrem caminhos construtivos para combater a morte de jovens, Michelle contou como se sentiu no enterro da adolescente, de 15 anos: "Eu não conseguia me recuperar do quão familiar eles (os Pendleton) pareciam para mim".
"Porque eu me dei conta de que... Hadiya Pendleton era eu, e eu era ela", disse a primeira-dama, contendo as lágrimas. "Mas eu consegui crescer, estudar Direito em Princeton e Harvard, e ter a família e a vida mais abençoadas que eu poderia imaginar. E Hadiya... nós conhecemos essa história", completou.
Michelle lembrou ainda de uma professora de uma escola local, que lhe falou de estudantes que caminham no meio da rua, desafiando os carros, por ser a melhor maneira de evitar os tiroteios que se tornaram comuns em muitas vizinhanças de Chicago. "Não estou falando de algo que está acontecendo em uma zona de guerra do outro lado do mundo", insistiu. "Estou falando de algo que está acontecendo na cidade que chamamos de lar".
A primeira-dama disse que o presidente Obama está "lutando o máximo que ele pode e engajando o maior número de pessoas que ele consegue para aprovar reformas consensuais para proteger nossas crianças da violência das armas". É raro que primeiras-damas se envolvam tão profundamente no discurso político nacional. No início da década de 1990, Hillary Clinton foi bastante criticada por seu papel em tentar reformar o sistema de saúde durante o mandato de seu marido, o então presidente Bill Clinton.
O apelo de Michelle foi feito pouco depois de senadores republicanos e democratas terem anunciado um acordo para estender a verificação de antecedentes a todo tipo de comércio de armas, incluindo as vendas on-line e para apresentações. Desde o massacre na escola de Newtown, em dezembro passado, a Casa Branca tem tentado aprovar uma medida mais ampla de verificação de antecedentes para portadores de armas. O projeto precisa passar no Senado e na Câmara de Representantes para virar lei.