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G8 declara sua postura em relação a Coreia do Norte e a Síria

O grupo ameaçou impor novas sanções a Coreia do Norte em caso de lançamento de mísseis, mas se limitou a pedir à comunidade internacional que amplie sua ajuda ao povo sírio

Londres - O G8 ameaçou nesta quinta-feira (11/4) impor novas sanções a Coreia do Norte em caso de lançamento de mísseis, mas não foi capaz de superar as divergências sobre a Síria, se limitando a pedir à comunidade internacional que amplie sua ajuda ao povo sírio.

Os ministros das Relações Exteriores dos países mais ricos (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia) "condenaram nos termos mais fortes possíveis" a atitude norte-coreana e denunciaram "o desenvolvimento contínuo de seus programas de armas nucleares e mísseis balísticos".

"As atitudes da Coreia do Norte constituem uma violação direta das resoluções do Conselho de Segurança da ONU", ressaltaram.

Os ministros expressaram apoio a resolução do Conselho de Segurança da ONU em favor "de um reforço das sanções" em caso de um novo teste nuclear o disparo de míssil por Pyongyang.

A comunidade internacional teme que este eventual lançamento aconteça em 15 de abril, por ocasião das comemorações do nascimento do fundador da república, Kim Il Sung.

Furioso com as novas sanções adotadas pela ONU após o seu terceiro teste nuclear em fevereiro e com as manobras militares realizadas pelos Estados Unidos e Coreia do Sul, Pyongyang multiplicou nas últimas semanas suas declarações beliciosas, mencionando até mesmo uma guerra "termonuclear".

Trata-se de uma resposta "firme, unida e calma" à Coreia do Norte, declarou em coletiva de imprensa o chefe da diplomacia britânica, William Hague, cujo país preside atualmente o G8.



Em contrapartida, ele só constatou "divergências persistentes" sobre o conflito sírio.

Em um comunicado final, o G8 se declarou "horrorizado" com o número de mortos no conflito na Síria, 70.000, segundo cálculos da ONU, mas não mencionou a questão do fornecimento de armas aos rebeldes, que continua a dividir os ocidentais.

Esta questão foi o centro das discussões ontem em Londres entre vários ministros do G8 - William Hague, Laurent Fabius (França) e John Kerry (Estados Unidos)- e representantes da oposição síria, que reiterou seu pedido por armas para derrubar o regime de Bashar al-Assad.

O secretário de Estado americano se limitou a "não prometer nada".

Os Estados Unidos fornecem ajuda humanitária à Síria, mas descartam o envio de armas, por medo que caiam nas mãos de extremistas.

Esse temor, expressado por vários outros países, foi reforçado pelo anúncio da Frente Al-Nusra, na linha de frente do combate contra o regime sírio, de sua lealdade à Al-Qaeda.

A Rússia, por sua vez, continua a apoiar o presidente Assad.

"O mundo até então não assumiu suas responsabilidades na Síria e continua neste caminho", reconheceu William Hague, que teme que este conflito se transforme "na maior catástrofe humanitária do século XXI".

Hague, que defendeu nas últimas semanas a retirada do embargo sobre as armas para a Síria, indicou que o Reino Unido discutirá com seus parceiros sobre esta questão "até o fim de maio", quando a UE deverá re-examinar as sanções, incluindo o embargo, contra a Síria.

Além destas questões, o G8 declarou sua "profunda preocupação" com o programa nuclear iraniano. "Muitos ministros disseram claramente que a janela da diplomacia não ficará aberta eternamente", ressaltou Hague.

No fim, ele comemorou o acordo histórico assinado pelos ministros e o desbloqueio de 27,5 milhões de dólares em fundos para a luta contra a violência sexual em zonas de guerra.