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Papa diz que apenas a Igreja é capaz de interpretar as Escrituras

Francisco rejeitou "a interpretação subjetiva", em seu primeiro discurso ante o Comitê da Bíblia do Vaticano

Agência France-Presse
postado em 12/04/2013 11:04
Para o papa,
Cidade do Vaticano
- O papa Francisco expressou nesta sexta-feira (12/4) seu compromisso com o pleno respeito à tradição da Igreja, a única habilitada a interpretar corretamente as Escrituras, e rejeitou "a interpretação subjetiva", em seu primeiro discurso ante o Comitê da Bíblia do Vaticano.

Nesta intervenção a "especialistas" - e não apenas para fiéis, como a maioria de seus discursos do último mês - o papa jesuíta fez uma longa referência a um texto do Concílio Vaticano II (1962-1965), a Constituição "Dei Verbum" ("A Palavra de Deus"), sobre o papel da Igreja.

Até o momento, ao contrário de Bento XVI, o novo papa pouco tinha mencionado o Concílio, ao qual ele é o primeiro pontífice das últimas décadas a não ter participado. Uma omissão surpreendente. "O Concílio lembrou com grande clareza: tudo o que está relacionado com a maneira de interpretar as Escrituras está, em última análise, sujeito ao julgamento da Igreja, que realiza o seu mandato divino e o ministério de preservar e interpretar a palavra de Deus".



Para o papa, "há uma unidade indissolúvel entre Escritura e Tradição", que são "conjuntas e se comunicam entre elas", "formando, de certa maneira, uma única coisa", declarou. "A Sagrada Tradição transmite a Palavra de Deus plenamente. Desta forma, a Igreja tira a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas não só nas Sagradas Escrituras. Uma como a outra devem ser aceitas e veneradas com sentimentos semelhantes de piedade e respeito", disse em um discurso que revela um papa muito respeitoso da autoridade da Igreja.

[SAIBAMAIS]Como resultado, "a interpretação das Escrituras não pode ser apenas um esforço intelectual individual, mas deve ser sempre confrontado, inserido e autenticado pela tradição viva da Igreja", argumentou.

Esta declaração, na linha de Bento XVI, não deve agradar os protestantes ou católicos contestatórios, como o suíço Hans Küng, que reivindicam o direito de interpretar livremente as Escrituras.

Para ser claro, o papa denunciou "a insuficiência de qualquer interpretação sugestiva, ou simplesmente limitada a uma análise incapaz de acolher o significado global que tem sido construído há séculos pela tradição de todo o povo de Deus."

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