Mundo

Após morte de Margaret Thatcher, êxito de música constrange BBC

Com 28.000 cópias vendidas durante a semana, "Ding Dong! The witch is dead" (A bruxa morreu), tema mais cantado pelos manifestantes nas celebrações da morte de Margaret Thatcher, ocupa provisoriamente o terceiro lugar

Agência France-Presse
postado em 12/04/2013 12:15
Londres - Após a morte de Margaret Thatcher, muitas canções contra a Dama de Ferro ressurgiram na internet, entre elas "Ding Dong! The witch is dead" (A bruxa morreu), que a BBC está hesitando em tocar em seu popular programa radiofônico de sucessos musicais.

Uma campanha impulsionada por opositores das radicais políticas da ex-primeira-ministra, falecida na segunda-feira aos 87 anos, trouxe de volta a canção interpretada por Judy Garland no filme "O Mágico de Oz" (1939) aos primeiros lugares do Hit Parade britânico.

Com 28.000 cópias vendidas durante a semana, o tema mais cantado pelos manifestantes nas celebrações da morte de Margaret Thatcher ocupa provisoriamente o terceiro lugar, razão pela qual deveria ser ouvido durante o programa The Official Charts Show, na Rádio BBC 1.

Veja o vídeo da música, no filme O mágico de Oz

[VIDEO1]

[SAIBAMAIS]A BBC ainda não disse se proibirá sua divulgação, mas o presidente da comissão de Cultura do Parlamento, o conservador John Wittingdale, pediu para que a música não seja tocada. "É uma tentativa de manipular o hit-parade por parte de pessoas que tentam transmitir uma mensagem política. Muita gente irá considerá-la ofensiva e profundamente insensível, e por esta razão seria melhor que a BBC se abstenha de colocá-la", declarou ao jornal Daily Mail.

Charles Moore, biógrafo oficial de Thatcher, ofereceu sua própria visão do fenômeno, acusando em uma entrevista à rede os meios de comunicação em geral e a própria BBC. "O que ocorre é que os meios de comunicação - e, em particular, a BBC, que tentou durante 24 horas ser agradável com Thatcher, mas que não conseguiu suportar por mais tempo - promovem dia após dia a ideia de que Thatcher é uma figura que divide e que as pessoas estão destruindo sua reputação ao celebrar sua morte".

Nos 11 anos em que esteve no poder (1979-1990), a até agora única mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro no Reino Unido sempre acusou a BBC de ter uma tendência esquerdista. Para o novo diretor-geral do órgão público, Tony Hall, a eventual decisão de divulgar "Ding Dong" é uma decisão editorial, e não política. "O Official Chart Show dominical é um balanço factual e histórico do que os britânicos compraram e tomaremos uma decisão sobre se a retiramos ou não quando as posições estiverem claras", declarou a BBC em um comunicado.

A BBC já vetou em outros momentos canções consideradas irreverentes ou obscenas, como "God Save The Queen", dos Sex Pistols, "Relax" de Frankie Goes To Hollywood, ou "Je T;Aime... Moi Non Plus", interpretada por Serge Gainsbourg e por sua esposa Jane Birkin.



Mas "Ding Dong" não é a única música a ter voltado à tona após a morte de Thatcher, criticada por muitos artistas nos anos 80 por suas políticas liberais e conservadoras. Ressurgiu "Margaret on the guillotine" (Margaret na guilhotina), na qual o ex-vocalista do The Smiths, Morrissey, já perguntava a Thatcher em 1988 quando ela iria morrer. "Nenhuma figura política britânica foi tão depreciada pelos britânicos quanto Margaret Thatcher", insistiu Morrissey nesta semana.

Também voltou a ser ouvida a canção de Elvis Costello "Tramp the dirt down", de 1989. "Quando, por fim, te colocarem sob a terra, ficarei sobre seu túmulo e pisotearei a sujeira", canta o músico.

O grupo The Communards dedicou a ela "Breadline Britain", uma terra "onde o diabo está no comando, onde o fascismo lidera uma nova dança, onde privatizarão a sua mãe se tiverem a chance", cantavam.

Mas o mais premonitório foi Hefner, que em "The Day That Thatcher dies" entoava "riremos no dia em que Thatcher morrer, embora saibamos que não é certo, dançaremos e cantaremos por toda a noite".

Centenas de britânicos saíram às ruas na segunda-feira após a divulgação da notícia para comemorar, festejos que tanto o primeiro-ministro conservador David Cameron quanto o líder da oposição trabalhistas Ed Miliband consideraram despropositados.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação