Poucos venezuelanos conhecem os detalhes do programa dos candidatos, e a maioria vai escolher entre um advogado e um ex-motorista de ônibus autodidata; entre um cobiçado solteiro de 40 anos e um marido, pai e avô de 50 anos; entre um governador que ousou enfrentar Chávez e um socialista abençoado pelo falecido presidente; entre um político precoce que foi presidente da Câmara dos Deputados aos 26 anos e um ex-chanceler que cresceu à sombra de Chávez.
"Em um contexto de desespero, a oposição tende a se virar melhor porque passou muitos anos encurralada nas cordas, resistindo. Em contrapartida, o governo se mostrou histérico e ansioso", considera Barrera.
Incisivos e provocantes
"Eu não sou oposição, sou a solução", afirma Capriles, que mudou de tática em relação à eleição presidencial de outubro, quando perdeu para Chávez, e desta vez apostou em ataques diretos e no uso de símbolos do próprio governo. O candidato se veste de vermelho, a cor dos partidários de Chávez, uma camisa da companhia de petróleo estatal PDVSA, abraça a bandeira e chama a sua equipe de campanha "Simon Bolívar".
Para ele, Maduro é simplesmente "Nicolás", um homem "sem propostas" que as pessoas não escolheram e incapaz de resolver os problemas do país. "Capriles melhorou a sua imagem e estilo de campanha. Afiou sua oratória, tem mais confiança e sabe qual deve ser o seu ponto de ataque", indica Alexandre Luzardo, doutor em direito político e professor da Universidade Central da Venezuela.
"Está obcecado por mim. Não para de chamar meu nome. Nicolas, Nicolas", ridiculariza Maduro, movendo o corpo como se estivesse tendo um colapso nervoso. Para o herdeiro de Chávez, seu oponente é "um homem sustentado", que "nunca trabalhou", tem um apartamento em Nova York, vai vender o país aos empresários e esquecerá os trabalhadores. "Não é um dos nossos", diz a seus seguidores. Maduro, consciente do valor da família na Venezuela, faz campanha ao lado de seu filho, de seus netos e da sua esposa, Cilia Flores, um peso pesado no PSUV (partido no poder), enquanto Capriles é o solteiro de ouro do país.
"Na política nunca subestime alguém. Chávez elegeu Maduro, e teve seus motivos porque havia outras pessoas. Maduro é um homem com experiência política e com uma profunda formação, mais elevada do que as críticas que pode receber", considera Luzardo. Para Barrera, os dias mais agressivos estão por vir e devem começar a partir de 11 de abril, quando a campanha termina oficialmente. "Entre 11 e 14 de abril veremos o Estado contra Capriles", prevê Barrera.