Jornal Correio Braziliense

Mundo

Estados Unidos advertem Coreia do Norte contra ataque com míssil

O secretário americano de Estado declarou que os líderes norte-coreanos "devem se preparar para viver segundo as obrigações e os critérios internacionais que eles aceitaram"



Em um editorial publicado na noite desta sexta-feira pela agência oficial norte-coreana KCNA, Pyongyang ameaçou o Japão com "chamas nucleares". Classificou de provocantes as declarações de Tóquio que disse que poderia interceptar um míssil lançado por Pyongyang que ameaçasse o território japonês.

O regime norte-coreano advertiu que tal gesto correria o risco de afundar o Japão em "chamas nucleares". E acrescentou: "O Japão está na mira de nosso exército revolucionário e, se o Japão fizer o menor gesto, a centelha da guerra tocará primeiro" este país. O ministério japonês da Defesa não quis comentar estas declarações, mas indicou que tomará "todas as medidas necessárias para responder a qualquer tipo de cenário".

De maneira preventiva ao disparo de mísseis de médio alcance que pode ocorrer muito em breve, talvez na segunda-feira, aniversário do nascimento do fundador da dinastia comunista, Tóquio deu a autorização formal às Forças de Autodefesa (nome oficial do exército japonês) de destruir qualquer míssil norte-coreano que ameace o território japonês.

Neste sentido, Tóquio anunciou a instalação de baterias de mísseis Patriot no centro da capital japonesa e em seus arredores. Também comunicou sobre a mobilização de destróieres no mar do Japão equipados com o sistema de radar Aegis e com meios de interceptação. Na quinta-feira (11/4), o representante republicano do Colorado (oeste), Doug Lamborn, citou parte de um relatório da Agência de Inteligência de Defesa (DIA) americana, afirmando que Pyongyang seria capaz de miniaturizar uma carga nuclear e armá-la em um míssil balístico, embora com uma confiabilidade que seria muito fraca.

"A Coreia do Norte não demonstrou a capacidade de produzir um míssil com ogiva nuclear", afirmou o porta-voz Jay Carney, acrescentando que "não há dúvidas de que esta é uma situação que requer que os Estados Unidos tomem todas as medidas necessárias prudentes". Pouco antes, uma autoridade americana havia afirmando em seguida à AFP que os Estados Unidos "não acreditam" que a Coreia do Norte esteja em condições de lançar um míssil nuclear.


Para o ministério sul-coreano de Defesa, "a Coreia do Norte realizou três testes nucleares, mas continua sendo duvidoso que a Coreia do Norte tenha fabricado uma ogiva nuclear suficientemente pequena e leve para ser colocada em um míssil". Mas o Norte "se dirige a esta etapa", declarou à imprensa o porta-voz Kim Min-Seok. Durante a coletiva de imprensa, Kerry também ressaltou que os Estados Unidos apoiam a visão do novo governo sul-coreano a favor da construção de um vínculo de confiança com a Coreia do Norte.

Durante sua campanha eleitoral, a nova presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, se distanciou da intransigência que caracterizava a política em relação à Coreia do Norte do então presidente, Lee Myung-Bak, que havia suspendido a ajuda humanitária a Pyongyang. Mas a chegada oficial de Park à frente da Coreia do Sul (no fim de fevereiro) coincidiu com a brusca escalada de tensões na península.

Por sua vez, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, declarou nesta sexta-feira que é favorável à organização de negociações na Suíça com a Coreia do Norte, como propôs Berna durante a reunião do chanceler suíço Didier Burkhalter em Neuchatel com seu colega russo.

Participaria o grupo de seis países (Estados Unidos, Japão, Rússia, China e as duas Coreias) que mantiveram seis reuniões entre 2003 e 2007 pelo programa nuclear norte-coreano. Em 2009, Pyongyang anunciou que se retirava deste processo devido às sanções da ONU por suas atividades nucleares.