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ONG Constitution Projetc diz que EUA praticaram tortura após o 11/9

Estudo realizado pela organização conclui que "a tortura ocorreu em várias ocasiões e em uma ampla gama de locais"

Agência France-Presse
postado em 16/04/2013 14:10
Washington - "É inegável que os Estados Unidos estiveram envolvidos em práticas de tortura" após os atentados de 11 de setembro e que "os funcionários de mais alto escalão do país têm responsabilidade" por essas práticas, conclui um relatório divulgado nesta terça-feira (16/4).

O estudo realizado pela organização Constitution Project, que acusa em primeiro lugar o governo de George W. Bush, mas que também se refere a ações tomadas durante o período de Bill Clinton e durante o atual governo de Barack Obama, destaca que a tortura é aplicada dentro e fora do país.

A investigação conclui que "a tortura ocorreu em várias ocasiões e em uma ampla gama de locais" e que de nenhuma forma se limitou a três detidos submetidos a simulações de afogamentos (o chamado "submarino") em prisões da CIA e hoje presos em Guantánamo (Khaled Cheikh Mohammed, Abu Zubayda e Abd al-Rahim al-Nachiri).

O relatório de 577 páginas, produzido por uma equipe de onze pessoas, acusa "as autoridades de mais alto escalão do país - civis e militares - de terem parte da responsabilidade por terem autorizado e contribuído com a extensão da tortura".



Em primeiro lugar, afirma o relatório, por disposição unilateral dos Estados Unidos, a Convenção de Genebra, "instrumento venerável para garantir um tratamento humano aos detidos em tempos de guerra, não é aplicada aos membros da Al-Qaeda nem aos talibãs presos no Afeganistão ou em Guantánamo". E, além disso, o presidente Bush autorizou a CIA a empregar métodos duros nos interrogatórios de alguns detidos.

A tendência se inverteu, de acordo com o relatório, após as revelações das "atrocidades cometidas (na prisão de) Abu Graib (Iraque) em 2004" e "a posterior condenação dentro e fora do país", acompanhada por um sentimento de vergonha entre os americanos.

Em outra passagem do relatório, a Constitution Project sustenta que é necessário "pôr fim a essa situação aberrante da detenção ilimitada" sem julgamento na prisão de Guantánamo e recomenda o fechamento da prisão desta base militar.

Também denuncia a alimentação forçada de vários prisioneiros em greve de fome no citado centro de detenção. Trata-se "de uma forma de abuso que deve ser extinguido".

Cerca de cem prisioneiros participam de um movimento de protesto em Guantánamo contra os atos de desrespeito ao Alcorão cometidos por guardas. Segundo o capitão Robert Durand, porta-voz da prisão, 45 presos estão em greve de fome, 13 dos quais são alimentados à força. Dois estão internados em observação.

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