Agência France-Presse
postado em 16/04/2013 14:51
Paris - O ex-ministro francês do Orçamento Jérôme Cahuzac, que provocou uma crise política após mentir sobre uma conta secreta em um paraíso fiscal, anunciou nesta terça-feira (16/4) sua renúncia da Assembleia Nacional, em uma entrevista ao canal BFMTV.Considerando ter cometido "uma falta moral imperdoável", o ex-ministro declarou ser "pouco provável" a sua volta à vida política, que já é "uma página virada".
Ele repetiu que havia "mentido" para o presidente François Hollande, para o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault e para ministro das Finanças, Pierre Moscovici, para quem pediu "perdão".
[SAIBAMAIS] Cahuzac renunciou a seu cargo no governo em 19 de março durante a abertura de um inquérito judicial sobre lavagem de dinheiro e fraude fiscal. Ele reconheceu em 2 de abril a existência de uma conta na Suíça, transferida para Cingapura.
Transformado em pária na França, Jérôme Cahuzac fez com esta confissão suas primeiras declarações públicas desde que reconheceu suas mentiras. Ele afirmou recentemente a um jornalista que vinha mudando de residência a cada dois dias para fugir dos paparazzi.
Cahuzac reconheceu não "ter tido força moral" para rejeitar o cargo oferecido por François Hollande em maio de 2012, apesar da existência dessa conta no exterior.
"Neste momento eu deveria ter tido a força moral para recusar, mas cometi um erro ao aceitar o cargo", declarou Cahuzac. "Acreditem, estou pagando o preço por isso" acrescentou.
Jérôme Cahuzac reiterou que o valor nesta conta no exterior era de 600.000 euros, desmentindo que havia depositado "mais", e afirmou que sua conta "nunca serviu para financiar uma campanha do Partido Socialista".
Esse dinheiro foi adquirido "em uma atividade legal junto a laboratórios farmacêuticos e empresas ligadas à saúde".
Essa entrevista de Jérôme Cahuzac, expulso do Partido Socialista, foi divulgada no dia seguinte à apresentação das declarações patrimoniais de todos os membros do governo, uma medida de transparência para tentar superar a crise que abalou a credibilidade de François Hollande.