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Chavistas e opositores marcham no segundo dia de tensões após eleições

Grupos de opositores e simpatizantes do governo iniciaram manifestações pela Venezuela, no segundo dia de tensões, que já deixaram ao menos sete mortos

Agência France-Presse
postado em 16/04/2013 15:12
Caracas - Grupos de opositores e simpatizantes do governo iniciaram nesta terça-feira (16/4) manifestações pela Venezuela, no segundo dia de tensões, que já deixaram ao menos sete mortos, após as apertadas eleições vencidas pelo governista Nicolás Maduro contra Henrique Capriles, que exige uma recontagem de votos.

Atendendo à convocação de Maduro, grupos de chavistas vestidos de vermelho protestavam em defesa do sucessor de Chávez nos estados de Zulia, Monagas, Anzoáteqgui, Carabobo e Apure, segundo imagens do canal oficial VTV.

Enquanto isso, opositores começavam a se reunir em setores dos estados de Barquisimeto (leste) e de Maracaibo (oeste) para exigir a recontagem de votos, de acordo com informações de líderes opositores locais.

[SAIBAMAIS] A procuradora-geral do país, Luisa Ortega, confirmou nesta terça-feira (16/4) que ao menos sete pessoas, entre elas um policial, faleceram na segunda-feira em confrontos após as eleições presidenciais. "O mais grave é que nestes atos violentos morreram sete venezuelanos (...) um deles policial de Táchira (oeste)", disse Ortega, acrescentando que até este momento há 61 feridos e 135 detidos.

Mais cedo, o chanceler venezuelano, Elías Jaua, havia confirmado a morte de um seguidor de Maduro no município de Baruta, no leste de Caracas, atribuindo a "grupos fascistas" os violentos incidentes de segunda-feira, registrados em diferentes pontos do país. "Hoje os corpos de segurança estão em alerta (...) Orientamos as forças políticas a realizarem uma mobilização democrática para celebrar e ratificar a vitória", afirmou Jaua em um encontro diante do corpo diplomático em Caracas, divulgado pela VTV.



Em resposta, Maduro afirmou que estas mortes foram provocadas por grupos fascistas, acusando Henrique Capriles de orquestrar um golpe de Estado com seu chamado a protestos. "Foram assassinados pelas turbas fascistas", disse Maduro pela televisão.

Capriles, por sua vez, respondeu que o governo ordenou estes atos de violência para evitar a recontagem de votos, em declarações em sua conta no Twitter. "O ilegítimo e seu Governo ordenaram que exista violência para evitar a recontagem dos votos! Eles são os responsáveis", escreveu o opositor.

A proclamação de Maduro, ex-vice-presidente de Hugo Chávez, como presidente eleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) gerou na segunda-feira panelaços, bloqueios de ruas e mobilizações populares, com queimas de pneus e veículos, para pedir a recontagem total dos votos, em resposta a uma convocação feita por Capriles horas antes.

"Fascistas, se parecem com as hordas hitleristas, tiraram as máscaras. Vamos agir, isto não vai ficar assim", advertiu Maduro na noite de segunda-feira quando foi ao túmulo de seu mentor no bairro 23 de Janeiro, reduto chavista, segundo imagens divulgadas nesta terça-feira pela televisão oficial.

Maduro reiterou seu chamado aos chavistas para se mobilizarem em paz nesta terça e na quarta-feira em todo o país, em resposta às manifestações de segunda-feira, com episódios de violência que entraram pela madrugada.

Já o líder opositor, que considera ilegítima a proclamação de Maduro como candidato eleito, reiterou seu chamado aos protestos e convocou para a tarde desta terça-feira uma coletiva de imprensa.

"Hoje em PAZ mobilizações em todos os Estados aos Escritórios Regionais CNE, nosso pedido de contar voto a voto com o caderno de votação", escreveu Capriles no Twitter na manhã desta terça-feira.

No entanto, Maduro anunciou que a marcha marcada para quarta-feira no centro de Caracas para exigir a recontagem de votos não será permitida. "Agora estão planejando para amanhã uma marcha no Centro de Caracas. Não será permitida a marcha no centro de Caracas, vocês não vão ao centro de Caracas enchê-lo de morte e de sangue", advertiu o novo líder.

Já o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, afirmou em sua conta do Twitter que promoverá uma "averiguação penal de Capriles pela violência gerada no país". "Capriles fascista, me encarregarei pessoalmente que você pague por todo o dano que está causando a nossa Pátria e ao nosso Povo", escreveu Cabello.

O sucessor do falecido presidente venceu as eleições com 50,75% dos votos contra 48,97% de Capriles, uma diferença de 265 mil votos, de acordo com o último boletim oficial, com 99,17% dos votos apurados.

"Não sigam provocando este povo, uma contraofensiva deste povo pode ser tremenda, advertiu aos opositores nesta terça-feira o deputado chavista William Soto Rojas.

Imagens divulgadas pela VTV mostraram nesta terça-feira veículos queimados em Barinas (oeste) e a sede do partido governista em Táchira parcialmente destruída.

Segundo Jaua, grupos de supostos opositores atacaram a casa da presidente do CNE, Tibisay Lucena, e vários médicos cubanos, que trabalham na missão Bairro Adentro - criada por Chávez para o atendimento em comunidades pobres - foram agredidos em algumas regiões.

A direção da VTV e a rede multiestatal Telesur denunciaram na noite de segunda-feira que grupos de supostos opositores, alguns em motocicletas, protestaram em frente as suas respectivas sedes em Caracas em atitudes provocadoras e agressivas.

Na capital, milhares saíram às ruas no bairro de Chacao (oeste), onde na manhã desta terça-feira havia restos de lixo queimado e frases de ordem como "Fraude, roubaram nosso voto" pintadas em vários muros de prédios deste setor, reduto da oposição.

"Devemos nos tranquilizar, o que estão fazendo é convocando o confronto, em vez de buscar a paz. O país está muito dividido, há muita raiva, ressentimento e isto é muito perigoso", disse à AFP Arlynn Rojas, de 21 anos.

Ao proclamar Maduro como presidente, Lucena defendeu a transparência do processo eleitoral e pediu à oposição que recorra ao caminho legal, e não às ameaças.

"A ultradireita sequestra a oposição e gera violência. Eles nem mesmo fizeram o pedido formal de auditoria perante o CNE", escreveu nesta terça-feira o vice-presidente Jorge Arreaza em sua conta do Twitter.

O único dos cinco reitores do CNE próximo da oposição reafirmou o resultado eleitoral informado pelo organismo. "Eu não tenho dúvidas sobre o resultado fornecido pelo CNE, acredito que é importante dar uma tranquilidade àquelas pessoas" que questionam os resultados, opinou Vicente Díaz.

Por enquanto, não há uma solução possível para esta situação, diante das convocações de protestos dos dois lados.

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