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Coreia do Norte apresenta condições para retomar diálogo com o Sul e EUA

Há várias semanas, Coreia do Sul e Estados Unidos realizam manobras militares conjuntas anuais, o que sempre irrita as autoridades norte-coreanas

Agência France-Presse
postado em 18/04/2013 11:02
Soldados sul-coreanos em caminhão do exercício militar, perto da zona desmilitarizada que separa a Coreia do Norte da Coreia do Sul, em Paju
Seul
- A Coreia do Norte anunciou nesta quinta-feira (18/4) suas condições para retomar o diálogo com a Coreia do Sul e Estados Unidos, exigindo fundamentalmente o fim das sanções da ONU, o que torna pouco provável um retorno à mesa de negociações, mas permite diminuir levemente a tensão na península. "As exigências da Coreia do Norte são totalmente incompreensíveis. É absurdo", reagiu Cho Tai-Young, porta-voz do ministério sul coreano das Relações Exteriores.

"Nós pedimos encarecidamente ao Norte que deixe de apresentar exigências tão incompreensíveis e que tome decisões sensatas, como já pedimos em várias oportunidades", completou. A Comissão de Defesa Nacional norte-coreana pediu nesta quinta-feira "a retirada das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, elaboradas por motivos grotescos".

Também exigiu o fim da manobras militares conjuntas realizadas pelos Estados Unidos e Coreia do Sul na península. Há várias semanas, Coreia do Sul e Estados Unidos realizam suas manobras militares conjuntas anuais, o que sempre irrita as autoridades norte-coreanas, que considera os exercícios um teste geral para uma invasão ao território.



[SAIBAMAIS]Depois de um terceiro teste nuclear norte-coreano em 12 de fevereiro e do novo anúncio de sanções da ONU contra Pyongyang, a tensão aumentou consideravelmente na Península Coreana. As condições para uma retomada do diálogo são agora o tema dominante, depois de vários dias sob o tempo de um novo lançamento de míssil pelo Norte, perto do 101; aniversário do nascimento do fundador do país, avô do atual dirigente Kim Jon-Un, em 15 de abril.

O exército norte-coreano se limitou a fazer um ultimato e afirmar que se as autoridades sul-coreanas queriam realmente um diálogo e negociações, "deveriam apresentar desculpas por todas as ações hostis contra a Coreia do Norte". Os analistas destacam que o tema do diálogo substituiu aos poucos nos últimos dias as ameaças de ataques nucleares na retórica, às vezes incendiária, de Pyongyang.

"Não acredito que Pyongyang espere que estas condições sejam cumpridas", declarou Yang Moo-Jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos em Seul. "É uma forma de mostrar sua força no início, em uma luta intensa, mas isto destaca que existe um desejo de diálogo", completou.

Daniel Pinkston, especialista em Coreia do Norte do International Crisis Group, considera que Pyongyang não tem intenções de suavizar sua posição. Para o Norte, a única coisa importante é ser reconhecido como uma potência nuclear, um status inaceitável para os Estados Unidos e seus aliados, segundo o analista.

"Então sobre o que estão falando? O Norte se comprometeu. Queimou os últimos cartuchos. Qualquer mudança de posição aconteceria a um custo imenso para o regime a nível interno", disse. "Permanecemos em uma situação que leva a uma colisão. Isto não terminará bem", advertiu.

A nova presidente sul-coreana, Park Geun-hye, e o secretário americano de Estado, John Kerry, vincularam recentemente a retomada do diálogo "à mudança de comportamento do Norte e ao respeito a suas obrigações internacionais, especialmente envolvendo seu programa nuclear". Park Geun-Hye prometeu durante a campanha eleitoral suavizar a posição do Sul a respeito do Norte, depois de anos de uma política intransigente realizada por seu antecessor. No entanto, pouco depois de tomar posse, Pyongyang executou um teste nuclear.

Na quarta-feira (17/4), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao Norte que leva a série a oferta de diálogo do Sul a respeito do futuro do complexo industrial binacional Kaesong. Pyongyang proíbe aos sul-coreanos o acesso a este complexo, situado em seu território, a 10 km da fronteira, desde 3 de abril. Também retirou do local seus 53.000 funcionários.

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