Agência France-Presse
postado em 18/04/2013 21:38
Lima - O prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa exortou nesta quinta-feira (18/4) os presidentes da Unasul que se reunirão esta noite em Lima a "colocar um freio na tendência autoritária na Venezuela", diante das dúvidas sobre as eleições vencidas pelo "chavista" Nicolás Maduro.Em entrevista horas antes da reunião extraordinária da União das Nações Sul-Americanas, o escritor peruano pediu ao presidente de seu país, Ollanta Humala, e a seus colegas que "atuem em favor da democracia e do Estado de direito" na Venezuela.
"As graves dúvidas que persistem sobre o resultado oficial do processo eleitoral de 14 de abril e a hostilidade desatada contra a oposição (...) exigem que se ponha um freio na tendência autoritária que parece estar em andamento", assinalou Vargas Llosa.
O escritor defendeu uma "nova eleição sob observação internacional para dotar a Venezuela de um governo acima de qualquer suspeita de ilegitimidade".
"Legitimar um atentado contra a democracia na Venezuela seria um ato contraditório com o respeito mostrado pela maior parte dos presidentes convocados à reunião da Unasul, e emitiria sinais muito inconvenientes".
Segundo Vargas Llosa, "isto seria injusto para com os venezuelanos que aspiram a liberdade que impera na maior parte do continente americano". "O dever da democracia peruana e das demais democracias sul-americanas é atuar de maneira consequente com o que representam", concluiu o escritor.
Lima, que exerce a presidência rotativa da Unasul, convocou a reunião de emergência para analisar a situação na Venezuela, diante do clima de instabilidade no país após a vitória do chavista Nicolás Maduro sobre o opositor Henrique Capriles por uma pequena margem de votos. A oposição venezuelana apresentou na quarta-feira um pedido formal ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para a recontagem de 100% dos votos das eleições de domingo, vencidas por Maduro pela margem de 265 mil votos.
Na noite de domingo, logo após a divulgação dos resultados, Maduro defendeu uma auditoria sobre todas as urnas para "não deixar dúvidas" sobre o resultado, mas mudou o discurso no dia seguinte e acusou a oposição de golpismo por tentar "vulnerar a maioria democrática" ao ignorar os resultados e pedir a recontagem dos votos.