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EUA denuncia Venezuela de intimidar oponentes e acusa Cuba de autoritarismo

O documento também denunciou a corrupção, a impunidade e a detenção de presos políticos na Venezuela

Agência France-Presse
postado em 19/04/2013 20:31
Washington - Os Estados Unidos denunciaram nesta sexta-feira (19/4) em seu relatório anual sobre Direitos Humanos que a Venezuela seguiu "politizando o sistema judiciário e impedindo a liberdade de expressão em 2012, enquanto acusou a Cuba de seguir sob um comando autoritário que limita as liberdades dos cidadãos.

O estudo, apresentado pelo Departamento de Estado, ressaltou que o governo não permitiu a independência do sistema judiciário da Venezuela, o que fez os juízes ditarem sentenças com medo de sofrer posteriormente represálias.

O executivo venezuelano "usou a justiça para intimidar e perseguir de maneira discriminada lideranças da sociedade civil, empresarial, sindical e políticos que criticavam as políticas ou ações governamentais".

Além disso, ressalta que o Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS) informou no dia 10 de agosto de 2012 que seguidores do PSUV, partido do falecido Hugo Chávez, agrediram jornalistas de redes de televisão independentes (Televen e Venevision) enquanto estes cobriam um protesto estudantil opositor em San Cristóbal, no estado de Táchira (oeste).

O Departamento de Estado indicou também que Chávez utilizou os recursos do Estado durante a campanha presidencial de outubro, beneficiando-se de um "terreno eleitoral excepcional"

O documento também denunciou a corrupção, a impunidade e a detenção de presos políticos na Venezuela.

As relações entre Estados Unidos e Venezuela, que não mantêm embaixadores desde 2010, ficaram tensas nos últimos dias desde que Washington afirmou não estar preparado para reconhecer a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de domingo passado.



O informe, elaborado pelo Departamento de Estado, denuncia também que Cuba continua "sob controle de um regime autoritário" e lembra que, no final do ano, "o governo continuava rejeitando os apelos para que seja realizada uma investigação independente" sobre o acidente de trânsito que causou a morte do dissidente cubano Oswaldo Payá, em 22 de julho, pelo qual o espanhol Ángel Carromero foi condenado.

Os Estados Unidos apoiam os pedidos por uma investigação internacional sobre a morte de Payá, principalmente depois de Carromero ter declarado ao jornal The Washington Post que, no momento do acidente, o carro foi atingido por um veículo que os perseguia.

O Departamento de Estado voltou a criticar a situação dos direitos humanos na China, que em 2012 piorou, em meio a uma crescente repressão contra as regiões que concentram comunidades tibetanas e uigures.

"A situação dos direitos humanos na China continuou se deteriorando em 2012", alertou a diplomacia americana, enfatizando " a opressão contra ativistas, uma crescente repressão em zonas étnicas tibetanas e uigures".

"Indivíduos e membros de grupos considerados politicamente sensíveis pelas autoridades continuam sofrendo fortes restrições para se reunir livremente, praticar sua fé e viajar", acrescentou o relatório.

Washington alertou também para o risco de que regimes autoritários obscureçam as esperanças de democracias nascidas na Primavera Árabe de 2011, já que os países dessa região enfrentam "duras realidades de transições questionadas e incompletas".

A diplomacia americana acusa "os regimes autoritários que sistematicamente reprimiram o desenvolvimento de sociedades civis e instituições democráticas" e cita -sem colocá-los no mesmo nível- Síria, Iêmen, Bahrein, Iraque, Egito e Líbia.

O documento, entretanto, saúda os "avanços democráticos alentadores", como os vividos pela Tunísia nos últimos 12 meses.

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