Agência France-Presse
postado em 20/04/2013 17:34
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, inicia neste sábado o primeiro governo da era pós-Chavez com uma oposição que insiste em não reconhecer sua vitória e exige uma auditoria da eleição. Maduro tomou posse ontem, apoiado por seus partidários, e, em meio ao ruído das panelas que os opositores bateram em suas casas, começará a traçar o "governo de rua" que irá caracterizar sua gestão.Sugerindo um governo baseado na microgestão, "para que a saúde, educação e economia funcionem no local, no Estado, no município", Maduro assinalou que será "o primeiro presidente chavista" e o "primeiro presidente operário" da Venezuela.
A campanha da equipe opositora irá oferecer uma entrevista coletiva em que dará detalhes do processo de auditoria dos votos que deram a vitória a Maduro no último domingo, uma revisão aceita pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) um dia antes da posse do novo presidente.
[SAIBAMAIS]Depois que os resultados apontaram para uma diferença de 1,8 ponto entre Maduro e o candidato da oposição, Henrique Capriles, teve início na Venezuela uma semana de tensão política, em que ambas as partes se acusaram de promover a violência e abraçar o fascismo.
"Mesmo partindo da hipótese de que tenha havido fraude, aqui não há um Estado de direito, porque não existe a separação de poderes. Esta via não implica, em absoluto, que haverá uma mudança do que já está estabelecido", afirmou à AFP o historiador e cientista político Agustín Blanco Muñoz. "Devido às circunstâncias adversas, teria que se deduzir ou especular que os opositores têm um plano B, que ainda não podemos avaliar", sugeriu.
Autoproclamado filho do homem forte que governou a Venezuela por 14 anos, Maduro enfrenta o desafio de preencher o vazio deixado pelo líder, cuja revolução socialista dividiu o país politicamente.
Sem o carisma de Chávez e diante de uma oposição fortalecida, Maduro tem como tarefas urgentes recuperar a economia - dependente da receita do petróleo e das importações, e afetada pela inflação, escassez e falta de divisas - e combater a insegurança no país sul-americano com número recorde de homicídios (54 em cada 100 mil habitantes, segundo cifras do governo).
Para os analistas, ele também enfrentará o desafio de assegurar a lealdade das Forças Armadas, onde existem divisões políticas e ideológicas.