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A pedido da oposição, Venezuela realizará auditoria das urnas das eleições

As partes não pareciam estar de acordo sobre o alcance da auditoria cujo início está previsto para a próxima semana

Agência France-Presse
postado em 21/04/2013 13:01
Caracas - A Venezuela realizará, na próxima semana, a pedido da oposição, uma auditoria das urnas das eleições que deram a vitória a Nicolás Maduro, mas o órgão eleitoral alertou que o resultado eleitoral não será revertido.

Depois que o órgão eleitoral concordou parcialmente, na quinta-feira, a realizar a auditoria reivindicada pelo opositor Henrique Capriles, que perdeu por uma margem de 1,8% dos votos, o procedimento foi objeto de novos desentendimentos entre governo e oposição.

A vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Sandra Oblitas, pediu para "não criar falsas expectativas sobre o que é uma auditoria, que de nenhuma maneira reverte o resultado eleitoral" e lembrou que uma eventual impugnação deve ser realizada em uma instância judicial.

Oblitas insistiu que na Venezuela não existe recontagem de votos, porque eles são emitidos de forma eletrônica e que, ao invés disso, serão comparados os comprovantes de votação, que são físicos, com as atas eletrônicas produzidas pela máquina. Esses documentos informam o total dos votos emitidos em um centro de votação, mas não registram voto a voto.

[SAIBAMAIS]

Capriles, que tinha aceitado a decisão do CNE de realizar a auditoria de uma amostra das urnas, rejeitou a condição feita por Oblitas no sábado dizendo que "o povo não é burro" e exigiu a recontagem dos cadernos de votação, ou seja, do padrão eleitoral, onde estão registrados os eleitores inscritos que foram ou não às urnas.

As partes não pareciam estar de acordo sobre o alcance da auditoria cujo início está previsto para a próxima semana, em data ainda não divulgada, depois que for definido, na segunda-feira, o protocolo a ser realizado.

Maduro, um ex-motorista de ônibus chegou a ser chanceler e vice-presidente, foi empossado na sexta-feira como o "primeiro presidente chavista da história" sob a aprovação de dezenas de presidentes, milhares de seguidores e o panelaço da oposição.

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Segundo uma pesquisa da Datanálisis, realizada nos dias 18 e 19 de abril e divulgada na noite de sábado, com 657 pessoas, 70% dos entrevistados acreditam que Capriles têm direito à revisão dos votos, enquanto 58,2% concordou com a auditoria.

Maduro divulgará a qualquer momento a composição do gabinete de seu "governo de rua", que, deve consistir em um governo baseado na micro-gestão e em viagens de ônibus pelo território nacional.

Papa Francisco "muito preocupado"

Neste domingo, o Papa Francisco afirmou que acompanha com atenção e está "muito preocupado" com a situação política da Venezuela provocada pela pequena margem da vitória eleitoral do presidente Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, e que motivou a oposição a pedir a recontagem total dos votos.

"Acompanho com atenção os acontecimentos na Venezuela. Eu sigo com muitas preocupação e intensas orações, e com a esperança de que se encontrem vias justas e pacíficas para superar o momento de grande dificuldade que o país atravessa", disse o Papa após a oração Regina Caeli, celebrada na Praça de São Pedro do Vaticano.

"Peço ao querido povo venezuelano, e em particular a seus dirigentes institucionais e políticos, que rejeitem firmemente qualquer violência e estabeleçam um diálogo baseado na verdade, reconhecimento mútuo, na busca do bem comum e no amor pela nação", completou Francisco.

O pontífice também convidou os fiéis a "rezar e trabalhar a favor da reconciliação e da paz".

Troca de acusações

Na Venezuela os dois lados se responsabilizam pela violência iniciada após as eleições de domingo, depois que Capriles não reconheceu a vitória de Maduro e seus seguidores saíram às ruas. Os protestos deixaram 8 mortos e 60 feridos, segundo o governo.

De segunda a sexta-feira, os habitantes de Caracas realizaram panelaços, em parte abafados pelos fogos de artifício do governo.

As acusações continuaram no sábado, com denúncias de prisões e perseguição, entre outros, por parte da oposição.

A estatal Defensoria do Povo da Venezuela reiterou no sábado as denúncias sobre atos de vandalismo da oposição em centros médicos populares e centros de retirada de alimentos subsidiados.

"Faço um pedido de reflexão, que não ouçam os chamados da violência", pediu a defensora Gabriela Ramírez, mostrando fotografias de instalações queimadas ou pichadas e acusando a oposição de ter gerado violência quando incitou os protestos "em meio à denúncia de uma suposta fraude" eleitoral.

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