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Human Rights acusa Mianmar de limpeza étnica de minoria muçulmana

Cerca de 800.000 rohingyas, privados de nacionalidade durante o regime da junta birmanesa, vivem confinados no estado de Rakhine, no oeste do país

Agência France-Presse
postado em 22/04/2013 10:41
Bangcoc - Mianmar realizou uma "campanha de limpeza étnica" contra a minoria muçulmana apátrida dos rohingyas, acusou nesta segunda-feira a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), evocando provas da existência de ossadas e de deslocamento forçado. Cerca de 800.000 rohingyas, privados de nacionalidade durante o regime da junta birmanesa, vivem confinados no estado de Rakhine, no oeste do país, onde duas ondas de violência entre budistas da etnia rakhine e muçulmanos deixaram ao menos 180 mortos em 2012, segundo os números oficiais.

Os rohingyas, considerados pela ONU como uma das minorias mais perseguidas do mundo, foram vítimas de crimes contra a humanidade, em particular assassinatos e deportações, segundo o relatório da HRW intitulado "Tudo o que se pode fazer é rezar". "Autoridades birmanesas, líderes comunitários e monges budistas organizaram e encorajaram" os ataques dos rakhines contra as localidades muçulmanas em outubro, com o "apoio das forças de segurança", acrescenta o relatório.



[SAIBAMAIS]"O governo birmanês realizou uma campanha de limpeza étnica contra os rohingyas que continua hoje através da rejeição de ajuda e das restrições aos deslocamentos", insistiu Phil Robertson, diretor-adjunto para a Ásia da organização. Embora o termo limpeza étnica não tenha uma definição jurídica formal, observa a organização, ele descreve geralmente a política de um grupo étnico ou religioso destinada a esvaziar um território da presença de outro grupo através de métodos violentos e inspirando terror.

Mais de 125.000 pessoas, em sua grande maioria rohingyas, foram deslocadas pela violência no ano passado e continuam vivendo em acampamentos improvisados. Elas não têm acesso à ajuda humanitária e não podem regressar aos seus lares, denuncia a HRW. O relatório, para o qual mais de 100 pessoas foram entrevistadas, também evoca provas da existência de ao menos quatro ossadas e acusa as forças de segurança de quererem esconder provas dos crimes.

Em junho de 2012, um caminhão do governo teria colocado 18 cadáveres perto de um acampamento de deslocados rohingyas com o objetivo de amedrontá-los para que partam definitivamente, segundo a HRW. Milhares de rohingyas, considerados imigrantes ilegais por muitos birmaneses, que não escondem sua hostilidade em relação a eles, partiram por mar desde junho para fugir da violência, principalmente em direção à Malásia. Outros muçulmanos foram alvo de violência em março no centro do país, onde foram registrados 43 mortos.

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