Jornal Correio Braziliense

Mundo

Damasco considera agressiva decisão da UE de importar petróleo de rebeldes

A União Europeia pretende eliminar as restrições à venda de equipamentos para exploração do petróleo e sobre os investimentos no setor, desde que eles não beneficiem o regime

Damasco - A decisão da União Europeia de autorizar as importações de petróleo das zonas controladas pelos rebeldes na Síria é um ato de agressão, afirmou nesta terça-feira o ministério das Relações Exteriores sírio em cartas enviadas às Nações Unidas.

[SAIBAMAIS]"Em uma decisão sem precedentes e contrária à lei internacional e à Carta das Nações Unidas, a União Europeia decidiu permitir a seus Estados membros importar petróleo (...) com o pretexto de apoiar a oposição (ao regime de Bashar al Assad)", assinala o texto.



"É uma decisão ilegal e um ato de agressão", enfatiza uma das cartas enviadas ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao presidente do Conselho de Segurança do organismo. A União Europeia enviou na segunda-feira um sinal de apoio à oposição síria ao autorizar as importações de petróleo de regiões sob seu controle, enquanto o debate sobre o possível fornecimento de armas continua.

Reunidos em Luxemburgo, os ministros das Relações Exteriores da UE retiraram parcialmente o embargo ao petróleo sírio aplicado desde setembro de 2011. Os ministros consideraram "necessário introduzir isenções" às sanções, a fim de "ajudar a população civil da Síria, particularmente em resposta aos problemas humanitários (...) e para restaurar a atividade econômica", indicaram no relatório ao fim do encontro.

"Estamos respondendo às críticas da oposição e da população, de que são mais afetadas pelas sanções internacionais do que o regime" do presidente Bashar al-Assad, explicou um alto funcionário da UE. "Queremos ajudar na reconstrução econômica" das regiões controladas pela oposição, "de modo que as pessoas vão perceber que há uma alternativa real ao regime de Assad", ressaltou o chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle.

A UE pretende eliminar as restrições à venda de equipamentos para exploração do petróleo e sobre os investimentos no setor, desde que eles não beneficiem o regime. As empresas interessadas na importação de matérias-primas ou em investimentos devem solicitar permissão aos governos de seus países, que buscarão garantias da Coalizão opositora.

Os europeus também estão preocupados com o controle dos principais campos de petróleo pelos vários movimentos rebeldes. Aqueles de Deir Ezzor (leste) e de Hasakah (nordeste) estão, em sua maioria, nas mãos de insurgentes, principalmente da Frente Al-Nusra, ligada à Al Qaeda, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Desde o início da revolta, em março de 2011, a produção de petróleo na Síria caiu vertiginosamente, atingindo 130 mil barris por dia em março, pouco mais de 0,1% do total mundial, de acordo com as últimas estimativas do Agência Internacional de Energia (AIE).