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Comunidade internacional preocupada com uso de armas químicas na Síria

Os ministros das Relações Exteriores dos 28 países da Otan reafirmaram sua "vigilância" frente a escalada do conflito na Síria, e particularmente ante o risco do uso de armas químicas pelas forças do presidente Bashar al-Assad

Agência France-Presse
postado em 23/04/2013 16:12
Bruxelas - A comunidade internacional manifestou preocupação com o possível uso de armas químicas pelo regime sírio, num momento em que os rebeldes travam intensos combates contra o exército de Damasco e o Hezbollah no centro da Síria.

Reunidos em Bruxelas, os ministros das Relações Exteriores dos 28 países da Otan reafirmaram sua "vigilância" frente a escalada do conflito na Síria, e particularmente ante o risco do uso de armas químicas pelas forças do presidente Bashar al-Assad.

Um membro do serviço de inteligência do exército israelense, o general Itai Brun, declarou que Damasco havia "utilizado armas químicas letais contra os rebeldes em uma série de incidentes nos últimos meses". As armas seriam aparentemente sarin.

[SAIBAMAIS] Em Washington, a Casa Branca indicou que os Estados Unidos "não puderam concluir" o uso de armas químicas por parte do regime sírio. "Nós observamos", declarou o porta-voz, Jay Carney, lembrando que aos olhos do presente Barack Obama, a utilização de armas químicas por Damasco seria "inaceitável".



Durante a reunião da Otan, o secretário de Estado americano, John Kerry, revelou ter recebido um telefonema do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que não confirmou as alegações. "Eu ainda não sei quais são os fatos, e ninguém sabe", disse.

Em sua primeira reunião com seus colegas na Otan, Kerry chamou a Aliança a se "preparar" para proteger seus países membros, especialmente a Turquia, frente a "ameaça da Síria". Kerry discutiu com seu colega russo, Sergei Lavrov, cujo país apoia Damasco, sobre saídas políticas para a crise na Síria.

No terreno, os dois bispos das Igrejas ortodoxas síria e grega sequestrados na segunda-feira em um povoado da província de Aleppo, norte da Síria, foram libertados.

O bispo Yohanna Ibrahim, chefe da diocese síria ortodoxa de Alepo, e o bispo Bulos Yaziji, chefe da diocese grega ortodoxa da mesma cidade, foram sequestrados quando voltavam da fronteira turca, segundo informou uma fonte da diocese síria ortodoxa.

Fontes das Igrejas síria e grega ortodoxa e o ministério sírio do Waqf, encarregado dos assuntos religiosos, chegaram a afirmar que os sequestradores dos dois bispos podiam ser "jihadistas chechenos". Nesta terça (23/4), o papa Francisco havia pedido a libertação dos dois bispos.

Os cristãos, que constituem cerca de 5% da população síria, são especialmente vulneráveis no contexto de anarquia favorecido pelo conflito que atinge o país desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, em março de 2011, ressaltam as organizações de defesa dos direitos humanos.

Batalha de vida ou morte em Qousseir

Na frente de batalha, os confrontos se concentram na região de Qousseir, na província de Homs. Nesta localidade, o exército sírio recebe forte apoio de combatentes do Hezbollah xiita libanês.

"O exército trava a batalha nas frentes norte e leste da região de Qousseir e o Hezbollah combate nas frentes sul e oeste", mais perto da fronteira libanesa, segundo Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Uma fonte militar informou à AFP que o exército continua a "avançar" nesta área, assegurando que a tomada de Qousseir, um reduto rebelde há mais de um ano, "é uma questão de dias".

No entanto, de acordo com Abdel Rahman, a tomada da cidade pode ser complicada pela "feroz resistência dos rebeldes". "Eles estão dispostos a morrer para defender sua cidade, e o exército poderá retomar a cidade de Qousseir apenas se destruí-la completamente", declarou.

O envolvimento do Hezbollah foi duramente criticado pela oposição síria, que vê uma "declaração de guerra", mas também pelos adversários libaneses do partido xiita que temem a entrada do Líbano em uma espiral de violência.

Como têm feito há mais de uma semana, os rebeldes voltaram a disparar morteiros contra a região de Hermel, um reduto do Hezbollah, como resposta.

Para complicar ainda mais a situação, dois xeques salafistas libaneses pediram a jihad (guerra santa) na Síria para defender a população sunita na região de Homs, em resposta à intervenção do partido xiita.

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