Agência France-Presse
postado em 26/04/2013 10:53
Seul - A Coreia do Sul ordenou nesta sexta-feira (26/4) o retorno de todos os sul-coreanos que ainda permanecem no complexo industrial binacional de Kaesong - em território norte-coreano - desde o fechamento por Pyongyang em 3 de abril, em resposta à recusa do regime comunista a retomar o diálogo sobre o local. Na quinta-feira (25/4), Seul deu a Pyongyang o prazo de 24 horas para o início de negociações formais, com advertência de "medidas significativas" se o Norte rejeitasse a oferta.
Mas a Coreia do Norte rejeitou a proposta da Coreia do Sul e atribuiu a Seul a responsabilidade pelo fechamento do complexo, que segundo Pyongyang estaria "a ponto de desabar". "Se as marionetes sul-coreanas continuarem agravando a situação, nos veremos obrigados a adotar medidas graves e finais", afirmou a comissão nacional de defesa norte-coreana.
[SAIBAMAIS]O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, havia solicitado a Coreia do Norte a "levar a sério" a oferta de diálogo do Sul sobre Kaesong. A Coreia do Norte veta o acesso dos sul-coreanos ao complexo, situado em seu território, a 10 quilômetros da fronteira, desde 3 de abril. O país retirou os 53.000 funcionários do local em um clima de tensão na península.
O complexo industrial de Kaesong, que abriga 123 empresas, é o único local que comprova a existência de uma aproximação coreana, depois do congelamento das relações bilaterais em 2010. A maioria dos 850 funcionários sul-coreanos já deixou o local, mas ainda permanecem 170 para vigiar as instalações. O polo sempre permaneceu aberto, com exceção de algumas situações pontuais.
O complexo foi criado durante a "diplomacia do raio de sol", desenvolvida pela Coreia do Sul de 1998 a 2008 para estimular os contatos entre os dois vizinhos, que permanecem em guerra, pois a Guerra da Coreia (1950-53) acabou com um armistício e não com um tratado de paz. Pyongyang iniciou uma lógica de enfrentamento total com Seul e Washington após a aprovação do Conselho de Segurança da ONU de uma nova série de sanções, em resposta ao terceiro teste nuclear efetuado pelo Norte em fevereiro.
Kaesong permanece assim fechado e ameaçado de falência. Com um volume de negócios de 469,5 milhões de dólares em 2012, constituía uma importante fonte de criação de empregos e de arrecadação de impostos e divisas estrangeiras para a empobrecida Coreia do Norte. O ditador norte-coreano Kim Jong-Un, que assumiu o comando do regime após a morte de seu pai, Kim Jong-Il, em dezembro de 2011, anunciou em janeiro um "giro radical" para ajustar a economia, mas também reafirmou as ambições militares do regime.
A Coreia do Norte já passou por graves crises alimentares pela péssima gestão agrícola, problemas meteorológicos e redução da ajuda internacional, tudo isto somado aos importantes gastos militares. No início dos anos 1990, uma grave fome provocou a morte de até dois milhões de pessoas, segundo a ONU e diversas ONGs.