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Para Síria, declarações sobre armas químicas são mentiras

Ministro sírio da Informação Omran Ahed al-Zuabi falou ao canal de televisão russo RT

Agência France-Presse
postado em 27/04/2013 10:51
Damasco - As declarações de Estados Unidos e Grã-Bretanha sobre a suposta utilização de armas químicas na Síria são "uma mentira descarada", afirmou neste sábado (27/4) o ministro sírio da Informação, Omran Ahed al-Zuabi. "As declarações do secretário de Estado americano e do governo britânico não correspondem à realidade e são uma mentira descarada", declarou o ministro sírio em uma entrevista publicada em inglês no site do canal russo RT.

"Quero insistir mais uma vez que a Síria jamais utilizará armas químicas, não apenas porque respeita a legislação internacional e as regras da guerra, mas também por questões humanitárias e morais", completou.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, renovou o pedido para que a Síria permita a entrada de uma equipe no país para investigar o eventual uso de armas químicas no conflito.

Al-Zuabi afirmou que o grupo de pressão contra Bashar al-Assad na ONU usa o temor das armas químicas como uma nova forma de pressão política e econômica sobre o governo sírio. "Não confiamos nos especialistas americanos e britânicos do ponto de vista político", disse Zuabi. "Tampouco confiamos em suas qualificações", acrescentou, antes de afirmar que a Síria aceitaria inspetores russos.

A Rússia é um dos poucos países que apoiam o regime de Assad.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu na sexta-feira uma "investigação rigorosa" sobre a possível utilização de armas químicas do governo da Síria contra os rebeldes e advertiu Damasco que tal uso "mudaria as regras do jogo" do conflito.

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De acordo com Washington, Damasco provavelmente utilizou armas químicas em pequena quantidade, mas destacou que as informações não são suficientes para ter certeza de que a Síria cruzou a "linha vermelha" traçada em agosto pelo governo americano.

Também neste sábado, o vice-chanceler russo Mikhail Bogdanob afirmou que as informações sobre o uso de armas químicas na Síria não devem virar um pretexto para uma intervenção militar no país.

Bogdanov é o emissário do presidente Vladimir Putin para o Oriente Médio. "Se existirem provas sérias sobre a utilização de armas químicas na Síria, elas devem ser mostradas imediatamente, não escondidas", disse Bogdanov durante uma visita a Beirute.

"A informação deve ser confirmada imediatamente e de acordo com os critérios internacionais, e não ser utilizadas para alcançar outros objetivos. Não devem ser um pretexto para uma intervenção na Síria", afirmou, segundo declarações traduzidas ao árabe pelo canal Al-Mayadeen.

"Temos a experiência no passado de uma intervenção violenta nos assuntos iraquianos com o pretexto de que havia armas de destruição em massa. E no final isto era falso", recordou, em referência à invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003.

A oposição síria pediu a intervenção urgente do Conselho de Segurança da ONU. "França e Grã-Bretanha afirmam que possuem informações sobre o uso de armas químicas e agora os Estados Unidos dizem o mesmo. Chegou a hora do Conselho de Segurança da ONU agir", declarou à AFP uma fonte da coalizão opositora. "A ONU deve investigar imediatamente e, se encontrar provas do uso, atuar imediatamente com a imposição, ao menos, de uma ;zona de exclusão aérea;" para a aviação síria", completou a fonte.

A violência não dá trégua no país e 10 pessoas morreram, incluindo uma criança, nos bombardeios das forças do regime de Assad neste sábado na cidade de Duma, perto da capital Damasco, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Também na cidade de Muadamiyat al-Sham, na periferia sudoeste de Damasco, incursões aéreas e um bombardeio foram registrados e provocaram danos materiais.

Além disso, o bombardeio contra o bairro de Barzeh, em Damasco, prosseguia pelo terceiro dia consecutivo. Na sexta-feira os combates mais violentos em dois anos foram registrados na localidade entre entre rebeldes e o exército.

De acordo com analistas, os países vizinhos da Síria enfrentam um risco crescente de expansão do conflito.

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, insinuou neste sábado que a guerra civil na vizinha Síria provocou o retorno ao Iraque do conflito religioso, depois de uma onda de violência que provocou 215 mortes em cinco dias. "O sectarismo é ruim e o vento do sectarismo não precisa de uma autorização para passar de um país ao outro, porque se começa em um lugar vai se deslocar a outro lugar", disse o primeiro-ministro.

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