As explosões na linha de chegada da Maratona de Boston que fizeram os Estados Unidos reviver o medo e o horror do 11 de setembro de 2001 também ameaçam uma das principais promessas de reeleição do presidente Barack Obama. A informação sobre a nacionalidade e a religião dos irmãos Tsarnaev, acusados do ataque, transformou especulações em argumento político e alimentou discussões sobre a revisão das leis de imigração, que deve ser apresentada no meio do ano. Os desdobramentos do ataque mostram que a reforma pode sofrer uma ofensiva mais perigosa do que o Partido Democrata esperava, com risco de mais uma derrota para o presidente no Senado ; no começo do mês, o governo amargou a não aprovação de um acordo bipartidário para o controle do uso de armas de fogo.
O ataque de Boston foi o primeiro em solo americano desde o atentado da Al-Qaeda ao World Trade Center e ao Pentágono, transformando-se no primeiro grande desafio de segurança nacional enfrentado por Obama desde que chegou à Presidência, em 2008. Depois do choque que revelou a vulnerabilidade do país em 2001 e do título de ;inimigo número um; de organizações radicais islâmicas, os EUA despendem altas cifras e grande número de pessoal para garantir a segurança. Apesar de toda a mobilização, nas últimas semanas, falhas das agências internas ganharam destaque na discussão das políticas internas. ;Não tenho ideia de quem tem a culpa. Só sei que o sistema é defeituoso;, defendeu a senadora Lindsey Graham, durante a semana, acusando o país de relaxar nas questões de segurança.
Mais discreto do que o antecessor, George W. Bush, que promoveu uma ;guerra ao terror;, Obama faz pouco alarde sobre a ação dos órgãos federais, apesar de manter o tradicionalmente duro discurso de intolerância contra o terrorismo. ;A situação está sendo resolvida de forma muito diferente do 11/9. O ataque de 2001 foi feito em três locais, foi um ataque direto ao governo federal e custou milhares de vidas. Este atentado é local e tem proporções muito menores;, avalia o professor de ciência política da Universidade de New Hampshire e especialista em terrorismo Lionel Ingram.